XXI. O UNIVERSO
A primeira e mais óbvia característica desta carta é que ela se coloca ao fim de todos os trunfos, sendo, portanto, o complemento de O Louco. É atribuída à letra Tau. Estas duas cartas juntas, conseqüentemente, indicam a palavra Ath, que significa essência. Toda a realidade está, por conseguinte, comprometida dentro da série da qual essas duas letras formam o início e o fim. Este início era o Nada, de modo que o fim tem que ser também o Nada, mas Nada em sua completa expansão, como foi previamente explicado. O número 4, preferivelmente ao número 2, foi escolhido como a base dessa expansão, em parte, sem dúvida, por uma questão de conveniência, para ampliar o “universo do discurso”, em parte para enfatizar a idéia de limitação.
A letra Tau significa o sinal da cruz, ou seja, da extensão e esta extensão é simbolizada como quádrupla devido à conveniência de construir o símbolo revolvente do Tetragrammaton. No caso do número 2, a única saída é o retorno à unidade ou ao negativo. Nenhum processo contínuo pode ser convenientemente simbolizado; mas o número 4 se presta não apenas a essa extensão rigorosa, os duros fatos da natureza, como também à transcendência do espaço e do tempo por uma mudança continuamente auto-compensadora.
A letra Tau é atribuída a Saturno, o mais remoto e lento dos sete planetas sagrados; em função destas qualidades de inércia e peso, o elemento terra foi imposto ao símbolo. Os três elementos originais, fogo, ar e água eram suficientes para o pensamento primitivo. Terra e espírito representam um acréscimo posterior. Tampouco são encontrados nos vinte e dois caminhos originais do Sepher Yetzirah. O mundo de Assiah, o mundo material, não aparece senão como um pendente da Árvore da Vida.
Identicamente, o elemento espírito é atribuído à letra Shin como um ornamento adicional, de um certo modo da mesma maneira que se dizia ser Kether simbolizada pelo ponto mais elevado do Yod de Tetragrammaton. É constantemente indispensável distinguir entre os símbolos da teoria filosófica e aqueles símbolos mais elaborados baseados neles que são necessários ao trabalho prático.
Saturno e Terra têm algumas qualidades em comum: pesadume, frieza, secura, imobilidade, lentidão e similares. Todavia, Saturno aparece em Binah devido ao seu negrume na escala da Rainha, que é a escala da natureza observada, mas sempre, tão logo o fim de um processo é atingido, ele retorna automaticamente ao início.
Na química, são os elementos mais pesados que são incapazes sob condições terrestres de suportar a solicitação e o esforço de suas estruturas internas; conseqüentemente, irradiam partículas do caráter mais sutil e da mais alta atividade. Num ensaio escrito em Cefalù, Sicília, a respeito da segunda lei da termodinâmica, foi sugerido que no zero absoluto do termômetro de ar, poderia existir um elemento mais pesado que o urânio, de uma tal natureza que seria capaz de reconstituir a série inteira dos elementos. Era uma interpretação química da equação 0 = 2.
Torna-se, portanto, plausível argumentar a partir da analogia que visto que o fim tem que gerar o início, o simbolismo acompanha tal coisa; conseqüentemente, o negrume também é atribuído ao sol, de acordo com uma certa tradição oculta há muito tempo. Um dos choques para candidatos aos “Mistérios” era a revelação: “Osíris é um deus negro”.
Saturno é, assim, masculino. Ele é o antigo deus, o deus da fertilidade, o sol no sul, mas igualmente o Grande Mar, a grande Mãe. E a letra Tau na Árvore da Vida aparece como uma emanação da lua de Yesod, o fundamento da Árvore e representativa do processo reprodutivo e do equilíbrio entre mudança e estabilidade, ou melhor, sua identificação. A influência do caminho desce sobre a Terra, Malkuth, a filha. Aqui novamente aparece a doutrina da “colocação da filha no trono da Mãe”. Na própria carta, por conseguinte, há um glifo da conclusão da Grande Obra em seu sentido mais elevado, exatamente como o Atu do Louco simboliza seu início. O Louco é o fluxo negativo para a manifestação, o universo é esta manifestação, seu propósito cumprido, pronto para retornar. As vinte cartas que se acham entre estas duas exibem a Grande Obra e seus agentes em vários estágios. A imagem do universo neste sentido é, conseqüentemente, aquela de uma donzela, a letra final de Tetragrammaton.
Na presente carta ela é representada como uma figura dançante. Em suas mãos manipula a irradiante força espiral, a ativa e a passiva, cada uma detentora de sua polaridade dupla. O parceiro de dança dela é mostrado como Heru-ra-ha do Atu XIX. “O Sol, Força & Visão, Luz; estes são para os servos da Estrela & a Serpente.” Esta forma final da imagem da fórmula mágica do deus combina e transforma tantos símbolos que a descrição é difícil e seria inútil. O método adequado de estudo desta carta - na verdade, de todas, mas especialmente desta - é meditação contínua e longa. O universo, assim se enuncia o tema, é a celebração da Grande Obra cumprida.
Nos cantos da carta estão os quatro Kerubim mostrando o universo estabelecido. Ao redor da donzela há uma elipse composta de setenta e dois círculos para os quinários do zodíaco, o Shemhamphorasch.
No centro da parte inferior da carta está representado o plano estrutural da construção da casa da matéria. Mostra os noventa e dois elementos químicos conhecidos, dispostos conforme sua posição na hierarquia (este desenho se deve ao gênio do falecido J. W. N. Sullivan: ver The Bases of Modern Science).
Ao centro, uma roda de luz inicia a forma da Árvore da Vida, exibindo os dez principais corpos do sistema solar. Mas esta Árvore somente é visível àqueles de coração inteiramente puro.
1. O primum mobile, representado por Plutão (comparar com a doutrina das partículas alfa de rádio).
2. A esfera do zodíaco ou estrelas fixas, representada por Netuno.
3. Saturno.
O Abismo. Este é representado por Herschel, o planeta da desintegração e explosão.
4. Júpiter.
5. Marte.
6. O Sol.
7. Vênus
8. Mercúrio.
9. A Lua.
10. A Terra (os quatro elementos).
Todos estes símbolos nadam e dançam numa ambiência complexa mas contínua de lupes e espirais. A cor geral da carta tradicional é fulvo; representa a confusão e escuridão do mundo material. Mas o novo Aeon trouxe plenitude de luz; no Minutum Mundum * a Terra não é mais negra ou de cores mescladas, mas é de puro verde claro. Do mesmo modo, o azul escuro de Saturno é derivado do veludo azul do céu da meia-noite e a donzela da dança representa o resultado disto, ainda através disto, para o Eterno. Esta carta é hoje tão brilhante e ardente quanto qualquer outra do baralho.
* Em latim no original, Pequeno Mundo (Pequeno Universo) (NT).
A primeira e mais óbvia característica desta carta é que ela se coloca ao fim de todos os trunfos, sendo, portanto, o complemento de O Louco. É atribuída à letra Tau. Estas duas cartas juntas, conseqüentemente, indicam a palavra Ath, que significa essência. Toda a realidade está, por conseguinte, comprometida dentro da série da qual essas duas letras formam o início e o fim. Este início era o Nada, de modo que o fim tem que ser também o Nada, mas Nada em sua completa expansão, como foi previamente explicado. O número 4, preferivelmente ao número 2, foi escolhido como a base dessa expansão, em parte, sem dúvida, por uma questão de conveniência, para ampliar o “universo do discurso”, em parte para enfatizar a idéia de limitação.
A letra Tau significa o sinal da cruz, ou seja, da extensão e esta extensão é simbolizada como quádrupla devido à conveniência de construir o símbolo revolvente do Tetragrammaton. No caso do número 2, a única saída é o retorno à unidade ou ao negativo. Nenhum processo contínuo pode ser convenientemente simbolizado; mas o número 4 se presta não apenas a essa extensão rigorosa, os duros fatos da natureza, como também à transcendência do espaço e do tempo por uma mudança continuamente auto-compensadora.
A letra Tau é atribuída a Saturno, o mais remoto e lento dos sete planetas sagrados; em função destas qualidades de inércia e peso, o elemento terra foi imposto ao símbolo. Os três elementos originais, fogo, ar e água eram suficientes para o pensamento primitivo. Terra e espírito representam um acréscimo posterior. Tampouco são encontrados nos vinte e dois caminhos originais do Sepher Yetzirah. O mundo de Assiah, o mundo material, não aparece senão como um pendente da Árvore da Vida.
Identicamente, o elemento espírito é atribuído à letra Shin como um ornamento adicional, de um certo modo da mesma maneira que se dizia ser Kether simbolizada pelo ponto mais elevado do Yod de Tetragrammaton. É constantemente indispensável distinguir entre os símbolos da teoria filosófica e aqueles símbolos mais elaborados baseados neles que são necessários ao trabalho prático.
Saturno e Terra têm algumas qualidades em comum: pesadume, frieza, secura, imobilidade, lentidão e similares. Todavia, Saturno aparece em Binah devido ao seu negrume na escala da Rainha, que é a escala da natureza observada, mas sempre, tão logo o fim de um processo é atingido, ele retorna automaticamente ao início.
Na química, são os elementos mais pesados que são incapazes sob condições terrestres de suportar a solicitação e o esforço de suas estruturas internas; conseqüentemente, irradiam partículas do caráter mais sutil e da mais alta atividade. Num ensaio escrito em Cefalù, Sicília, a respeito da segunda lei da termodinâmica, foi sugerido que no zero absoluto do termômetro de ar, poderia existir um elemento mais pesado que o urânio, de uma tal natureza que seria capaz de reconstituir a série inteira dos elementos. Era uma interpretação química da equação 0 = 2.
Torna-se, portanto, plausível argumentar a partir da analogia que visto que o fim tem que gerar o início, o simbolismo acompanha tal coisa; conseqüentemente, o negrume também é atribuído ao sol, de acordo com uma certa tradição oculta há muito tempo. Um dos choques para candidatos aos “Mistérios” era a revelação: “Osíris é um deus negro”.
Saturno é, assim, masculino. Ele é o antigo deus, o deus da fertilidade, o sol no sul, mas igualmente o Grande Mar, a grande Mãe. E a letra Tau na Árvore da Vida aparece como uma emanação da lua de Yesod, o fundamento da Árvore e representativa do processo reprodutivo e do equilíbrio entre mudança e estabilidade, ou melhor, sua identificação. A influência do caminho desce sobre a Terra, Malkuth, a filha. Aqui novamente aparece a doutrina da “colocação da filha no trono da Mãe”. Na própria carta, por conseguinte, há um glifo da conclusão da Grande Obra em seu sentido mais elevado, exatamente como o Atu do Louco simboliza seu início. O Louco é o fluxo negativo para a manifestação, o universo é esta manifestação, seu propósito cumprido, pronto para retornar. As vinte cartas que se acham entre estas duas exibem a Grande Obra e seus agentes em vários estágios. A imagem do universo neste sentido é, conseqüentemente, aquela de uma donzela, a letra final de Tetragrammaton.
Na presente carta ela é representada como uma figura dançante. Em suas mãos manipula a irradiante força espiral, a ativa e a passiva, cada uma detentora de sua polaridade dupla. O parceiro de dança dela é mostrado como Heru-ra-ha do Atu XIX. “O Sol, Força & Visão, Luz; estes são para os servos da Estrela & a Serpente.” Esta forma final da imagem da fórmula mágica do deus combina e transforma tantos símbolos que a descrição é difícil e seria inútil. O método adequado de estudo desta carta - na verdade, de todas, mas especialmente desta - é meditação contínua e longa. O universo, assim se enuncia o tema, é a celebração da Grande Obra cumprida.
Nos cantos da carta estão os quatro Kerubim mostrando o universo estabelecido. Ao redor da donzela há uma elipse composta de setenta e dois círculos para os quinários do zodíaco, o Shemhamphorasch.
No centro da parte inferior da carta está representado o plano estrutural da construção da casa da matéria. Mostra os noventa e dois elementos químicos conhecidos, dispostos conforme sua posição na hierarquia (este desenho se deve ao gênio do falecido J. W. N. Sullivan: ver The Bases of Modern Science).
Ao centro, uma roda de luz inicia a forma da Árvore da Vida, exibindo os dez principais corpos do sistema solar. Mas esta Árvore somente é visível àqueles de coração inteiramente puro.
1. O primum mobile, representado por Plutão (comparar com a doutrina das partículas alfa de rádio).
2. A esfera do zodíaco ou estrelas fixas, representada por Netuno.
3. Saturno.
O Abismo. Este é representado por Herschel, o planeta da desintegração e explosão.
4. Júpiter.
5. Marte.
6. O Sol.
7. Vênus
8. Mercúrio.
9. A Lua.
10. A Terra (os quatro elementos).
Todos estes símbolos nadam e dançam numa ambiência complexa mas contínua de lupes e espirais. A cor geral da carta tradicional é fulvo; representa a confusão e escuridão do mundo material. Mas o novo Aeon trouxe plenitude de luz; no Minutum Mundum * a Terra não é mais negra ou de cores mescladas, mas é de puro verde claro. Do mesmo modo, o azul escuro de Saturno é derivado do veludo azul do céu da meia-noite e a donzela da dança representa o resultado disto, ainda através disto, para o Eterno. Esta carta é hoje tão brilhante e ardente quanto qualquer outra do baralho.
* Em latim no original, Pequeno Mundo (Pequeno Universo) (NT).
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