segunda-feira, 13 de abril de 2009

XX. O AEON


XX. O AEON

Nesta carta foi necessário partir completamente da tradição das cartas para prosseguir esta tradição.

A velha carta era chamada de O Anjo, ou O Juízo Final. Representava um anjo ou mensageiro soprando uma trombeta, à qual estava presa uma bandeira portando o símbolo do Aeon de Osíris. Abaixo dele abriam-se os túmulos e os mortos se levantavam. Eles eram três. O do centro tinha suas mãos erguidas em ângulo reto com os cotovelos e ombros, de maneira a formar a letra Shin, que se refere ao fogo. A carta representava, portanto, a destruição do mundo pelo fogo. Isto foi levado a cabo no ano 1904 da era vulgar quando o deus do fogo Hórus assumiu o lugar do deus do ar Osíris no Oriente como Hierofante (ver Atu V). No início, então, deste novo Aeon, é adequado exibir a mensagem daquele anjo que trouxe a notícia do novo Aeon à Terra. A nova carta é assim, necessariamente, uma adaptação da Estela da Revelação.

Circundando o alto da carta está o corpo de Nuit, a deusa-estrela, a qual é a categoria da possibilidade ilimitada; seu companheiro é Hadit, o ponto de vista onipresente, a única concepção filosoficamente sustentável da realidade. Ele é representado por um globo de fogo, tipificando a energia eterna; é alado para mostrar seu poder de Ir. Como resultado do casamento destes dois, nasce a criança Hórus. Ele é, entretanto, conhecido por seu nome especial, Heru-ra-ha. É um deus duplo; sua forma extrovertida é Ra-hoor-khuit e a passiva ou introvertida é Hoor-pa-kraat (ver nas páginas anteriores a Fórmula de Tetragrammaton). Ele é também de caráter solar, sendo mostrado, por conseguinte, brotando em luz dourada.

Todo este simbolismo é inteiramente elucidado n’O Livro da Lei.

Convém notar, a propósito, que o nome Heru é idêntico a Hru, que é o grande Anjo constituído como regente do Tarô. Este novo Tarô pode, portanto, ser considerado como uma série de ilustrações para O Livro da Lei, cuja doutrina está implícita em toda parte.

Na parte inferior da carta vemos a própria letra Shin sob a forma sugestiva de uma flor; os três Yods são ocupados por três figuras humanas que surgem para participar da essência do novo Aeon. Atrás desta letra há uma representação do signo de Libra, prenunciando o Aeon que deve suceder o presente Aeon, presumivelmente em cerca de 2.000 anos - “a queda do Grande Equinócio; quando Hrumachis erguer-se-á, e aquele da dupla baqueta assumirá meu trono e lugar.” O presente Aeon é jovem demais para proporcionar uma representação mais definida deste evento futuro. Mas em relação a isto, deve-se atentar para a figura de Ra-hoor-khuit: “Eu sou o Senhor da Dupla Baqueta de Poder; a baqueta da Força de Coph Nia - mas minha mão esquerda está vazia, pois eu esmaguei um Universo; & nada permanece.” Há muitos outros detalhes relativamente ao Senhor do Aeon que deveriam ser estudados em O Livro da Lei.

É também importante estudar integralmente e meditar sobre este Livro a fim de apreciar os eventos espirituais, morais e materiais que têm marcado a transição catastrófica do Aeon de Osíris. O tempo para o nascimento de um Aeon parece ser indicado por grande concentração de poder político acompanhada de melhorias nos meios de viagem e comunicação, com um avanço geral da filosofia e a ciência, com uma necessidade geral de consolidação do pensamento religioso. É bastante instrutivo comparar os acontecimentos dos quinhentos anos que precedem e sucedem a crise de aproximadamente 2.000 atrás, com aqueles de períodos similares, centrados em 1904, da velha era. Constitui um pensamento nada confortador para a presente geração que 500 anos de Idade das Trevas estão provavelmente sobre nossas costas. Mas, se a analogia for boa, este é o caso. Felizmente, hoje dispomos de tochas que iluminam mais e de mais portadores de tochas.

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