Kabbalah Desvelada
S. L. MacGregor Mathers
Tradução: Soror Agarath
KABBALAH.
INTRODUÇÃO.
1. As primeiras perguntas que um leitor não cabalista fará provavelmente serão: O que é a Cabala? Quem foi seu autor? Quais são as suas subdivisões? Quais são os seus ensinamentos gerais? E porque uma tradução dela se requer atualmente?
2. Eu responderei a última questão primeiro. Atualmente uma poderosa onda de pensamento oculto está se expandindo pela sociedade; os pensadores estão começando a despertar-se para o fato que "há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonham as suas vãs filosofias;" e, por último mas não por menos, agora sente-se que a Bíblia, que provavelmente sempre foi pior interpretada do que qualquer outro livro, contém numerosas passagens obscuras e misteriosas que são completamente ininteligíveis sem alguma chave possível para destrancar o seu significado. ESSA CHAVE É DADA NA QABALAH. Portanto este trabalho pode ser interessante para muitos estudantes bíblicos e teológicos . Que todo cristão se faça esta pergunta: "Como eu posso pensar em entender o Velho Testamento se eu sou ignorante da construção dada pela nação cujo livro sagrado se originou? E se eu não conheço o significado do Velho Testamento, como eu posso esperar entender o Novo?" Se a filosofia real e sublime da Bíblia fosse melhor conhecida, haveria menos fanáticos e sectários? E quem pode calcular a vastidão de injustiças feitas para impressionar e excitar as pessoas pelos fanáticos entusiastas que sempre despontam como instrutores dos povos? Quantos suicídios são resultado de manias religiosas e depressão! Que misturas de sacrilégios absurdos não tem sido promulgados como os verdadeiros significados dos livros dos Profetas e do Apocalipse! Dada uma tradução do sagrado Livro Hebreu, em muitas instancias incorreta, como a fundação, uma mente inflamada e desequilibrada como obreira disto, que classe de edifício se pode esperar como o resultado? Eu digo destemidamente para os fanáticos e intolerantes dos dias atuais: Vocês lançaram o Sublime e Infinito dos infinitos do Seu Trono, e em Seu lugar têm colocado o demônio de força desequilibrada; vocês substituíram uma deidade de desordem e de ciúme por um Deus de ordem e de amor; vocês perverteram os ensinamentos do grande Crucificado. Por essa razão neste tempo atual uma tradução inglesa da Qabalah é quase uma necessidade, pelo fato do Zohar nunca ter sido traduzido antes para a linguagem deste país, nem, tanto quanto eu esteja ciente, em algum vernáculo europeu moderno.
3. A Qabalah pode ser definida como sendo a doutrina esotérica Judaica. Em hebraico se chama QBLH, Qabalah, que é derivada da raiz QBL, Qibel, significando "receber." Esta denominação se refere ao costume de dar o conhecimento esotérico através da transmissão oral, e é intimamente aliada à "tradição."
4. Como no atual trabalho uma grande quantidade de palavras hebraicas e caldéias foram usadas no texto, e o número de estudiosos de línguas Semitas é limitado, eu achei mais aconselhável imprimir tais palavras nos caracteres ordinários romanos, conservando cuidadosamente a ortografia exata. Eu , portanto, anexei uma tabela mostrando de relance o ordinário alfabeto Hebraico e Caldeu (que é comum para ambas as línguas), os caracteres Romanos pelos quais eu expressei estas letras nesta obra; também seus nomes, poderes, e valores numéricos (Placa 1). Não há caracteres numéricos separados em Hebraico e Caldeu; portanto, como é também o caso no grego, cada letra possui seu valor numérico peculiar, e desta circunstância resulta o importante fato que cada palavra é um número e cada número é uma palavra. Isto é citado nas Revelações, onde "o número da besta" é mencionado, e sobre esta correspondência entre palavras e números a ciência da Gematria (a primeira divisão da assim chamada Cabala literal) se baseia. Eu referirei-me à este assunto novamente. Eu selecionei a letra Romana Q para representar o Qoph ou Koph Hebraico, um precedente para o uso deste sem um u seguinte pode ser encontrado em "Sacred Books of the East (Livros Sagrados do Leste)" de Max Müller." O leitor deve lembrar que o hebraico é quase inteiramente um alfabeto consonantal, as vogais sendo na maior parte dadas por pequenos pontos e marcas usualmente colocados debaixo das letras. Outra dificuldade do alfabeto Hebraico consiste na grande similaridade entre as formas de certas letras- e.g., V, Z, e o N final.
5. A respeito do autor e origem da Cabala, eu não posso fazer melhor do que dar o seguinte extrato do "Essay on the Kabbalah (Ensaio sobre Cabala)" do Dr. Ginsburg, primeiro local em que esta palavra foi escrita em uma grande variedade de maneiras- Cabala, Kabalah, Kabbala, etc. Eu adotei a forma Qabalah, como sendo a mais harmônica com a escrita hebraica da palavra.
6. "Um sistema de filosofia religiosa, ou, mais propriamente, de teosofia, que não somente exerceu por centenas de anos uma extraordinária influência sobre o desenvolvimento mental de um povo sagaz assim como os judeus, mas cativou as mentes de alguns dos maiores pensadores da Cristandade nos séculos dezesseis e dezessete, chamando a atenção de ambos filósofos e teólogos. Quando é adicionado que entre estes cativos estavam Raimundo Lullo, o célebre metafísico escolástico e químico (morto em 1315); João Reuchlin, o famoso erudito e renovador da Literatura Oriental na Europa (nascido em 1455, morto em 1522); João Pico de Mirandola, o famoso filósofo e clássico erudito (1463-1494); Cornélio Henrique de Agrippa, o distinto filósofo, divino, e físico (1486-1535); João Batista Von Helmont, um extraordinário químico e físico (1577-1644); assim como nossos próprios conterrâneos, Robert Fludd, o famoso físico e filósofo (1574-1637); e Dr. Henry More (1614-1687); e que estes homens, depois de impaciente busca por um sistema científico que poderia lhes revelar 'as intrínsecas profundezas’ da natureza divina, e mostrar-lhes o real laço que liga todas as coisas ao mesmo tempo, encontrando os desejos de suas mentes satisfeitos por esta teosofia, as reivindicações da Kabbalah sobre a atenção dos estudantes na literatura e filosofia serão admitidas prontamente. As reivindicações da Kabbalah, entretanto, não são restritas ao homem literato e ao filósofo; o poeta também encontrará nela amplos materiais para o exercício de seu gênio elevado. Como pode ser ela de outra maneira uma teosofia que, nos assegurou alimento, nasceu de Deus no Paraíso, foi nutrida e elevada pelos vários coros angélicas do céu, e somente manteve conversa com as mais sagradas crianças humanas em cima da terra. Escute a história de seus nascimento, crescimento, e maturidade,
como contada por seus seguidores.
7. "A Kabbalah foi primeiramente ensinada pelo próprio Deus a um seleto grupo de anjos, que formaram uma escola teosófica no Paraíso. Depois da Queda, os anjos clementemente ensinaram esta doutrina celestial para os desobedientes filhos da terra, para fornecer os protoplastos com os meios para retornarem à sua primitiva nobreza e felicidade. De Adão ela passou para Noé, e depois para Abraão, o amigo de Deus, que emigrou com ela para o Egito, onde o patriarca permitiu uma parte desta misteriosa doutrina se tornar pública. Foi desta maneira que os egípcios obtiveram algum conhecimento a seu respeito e que as outras nações orientais puderam incorporá-la ao seus sistemas filosóficos.
Moisés, que estudara todo o saber do Egito, foi iniciado na Qabalah em sua terra natal, mas tornou-se mais proficiente nela durante suas peregrinações no deserto, quando ele dedicou não somente as horas de lazer de completos quarentas anos, mas recebeu lições da mesma por um dos anjos. Através da ajuda desta ciência misteriosa, o legislador foi capaz de resolver as dificuldades que se levantaram durante o seu mandato perante os Israelitas, em despeito das peregrinações, guerras, e freqüentes misérias da nação. Ele, disfarçadamente, colocou os princípios desta doutrina secreta nos quatro primeiros livros do Pentateuco, mas reteu-os no Deuteronimo. Moisés também iniciou os setenta anciões nos segredos desta doutrina, e eles retransmitiram-na de mão em mão. De todos que foram formados na legítima linha da tradição, Davi e Salomão foram os mais profundamente iniciados na Kabbalah. Ninguém, entretanto, ousou escrever sobre ela antes de Schimeon Ben Jochai, que viveu no tempo da destruição do segundo templo . . . . . Depois de sua morte, seu filho, Rabi Eleazar, e seu secretário, Rabi Abba, assim como seus discípulos, ordenaram os tratados de Rabi Simon Ben Jochai, e à parte destes compuseram o celebrado trabalho chamado ZHR, Zohar, o Esplendor, que é a grande fonte do Kabbalismo."
8. A Qabalah é geralmente classificada em quatro categorias:
(a) a Qabalah prática.
(b) a Qabalah literal.
(c) a Qabalah Não-escrita.
(d) a Qabalah dogmática.
9. A Qabalah prática se ocupa da magia talismânica e cerimonial, e não faz parte do escopo deste trabalho.
10. A Qabalah literal é aplicada em vários lugares, e consequentemente um conhecimento de seus princípios fundamentais é necessário. Ela é dividida em três partes: GMTRIA, Gematria; NVTRIQVN, Notariqon , e ThMVRH, Temura.
11. Gematria é uma metátese da palavra grega (grammateia). Ela se baseia nos valores numéricos relativos das palavras, como eu antes observei. As palavras de valores numéricos similares são consideradas explanações umas das outras, e esta teoria também se estende às frases. Assim, a letra Shin, Sh, é 300, e é equivalente ao número obtido pela adição dos valores numéricos das letras das palavras RVCh ALHIM, Ruach Elohim , o espírito de Elohim; e é consequentemente um símbolo do espírito de Elohim. Para R=200, V=6, Ch=8, A=l, L=30, H=5, I=10, M=40; total=300. Similarmente as palavras AChD, Achad , Unidade, um, e AHBH, Ahebah , amor, cada=13; para A=1, Ch=8, D=4, total=13; e A=1, H=5, B=2, H=5, total=13. Outra vez, o nome do anjo MTTRVN, Metatron ou Methraton , e o nome da Deidade, ShDI, Shaddai , cada um soma 314; assim um é símbolo do outro. Diz-se que o anjo Metraton foi o condutor das crianças de Israel através do deserto, de quem Deus disse, "Meu nome está nele." No que diz respeito à Gematria das frases (Gen. 49:10), IBA ShILH, Yeba Shiloh , "que venha Shiloh", que iguala 358, que é a numeração de MShICh, Messiah . Assim também a passagem, Gen. 18:2 VHNH ShLShH, Vehennna Shalisha , "olhou, e eis três homens", iguais em valor numérico a ALV MIKAL GBRIAL VRPAL, Elo Mikhael Gabriel VeRaphael , "Estes são Mikhael, Gabriel e Raphael;" para cada frase iguala 701. Eu penso que estes exemplos bastarão para fazer clara a natureza da Gematria, especialmente como muitos outros que serão encontrados no curso da seguinte obra.
12. Notariqon é derivado da palavra latina notarius, um escrivão de estenografia. Há duas formas de Notariqon. Na primeira cada letra de uma palavra é pega da inicial ou da abreviatura de outra palavra, de forma que das letras de uma palavra uma sentença possa ser formada. Assim, cada letra da palavra BRAShITh, Berashith, a primeira palavra do Gênesis, é transformada na inicial de uma palavra, e nós obtemos disto BRAShITh RAH ALHIM ShIQBLV IShRAL ThVRH, Berashith Rahi Elohim Sheyequebelo Israel Torah: " No início os Elohim perceberam que Israel aceitaria a lei." Nesta conexão eu posso dar seis exemplos de Notariqon muito interessantes, formados desta mesma palavra BRAShITh por Solomon Meir Ben Moses, um Cabalista Judeu, que abraçou a fé cristã em 1665, e tomou o nome de Prosper Rugers. Estes têm uma tendência toda cristã, e por meio deles Prosper converteu outro judeu, que antes foi asperamente oposto ao cristianismo. O primeiro é BN RVCh AB ShLVShThM IChD ThMIM, Ben, Ruach, Ab, Shaloshethem Yechad Themim:- "O Filho, o Espírito Santo, o Pai, sua Trindade, Perfeita Unidade." O segundo é, BN RVCh AB ShLVShThM IChD ThOBVDV, Ben, Ruach, Ab, Shaloshethem Yechad Thaubodo: "O Filho, o Espírito, o Pai, vós deveis adorar igualmente Sua Trindade." O terceiro é, BKVRI RAShVNI AShR ShMV IShVO ThOBVDV, Bekori Rashuni Asher Shamo Yeshuah Thaubodo: "Vós deveis adorar Meu primogênito, Meu primeiro, cujo nome é Jesus." O quarto é, BBVA RBN AShR ShMV IShVO ThOBVDV, Beboa Rabban Asher Shamo Yesuah Thaubado: "Quando o Mestre vier, cujo nome é Jesus, você o adorará." O quinto é, BThVLH RAVIH ABChR ShThLD IShVO ThAShRVH, Bethulah Raviah Abachar Shethaled Yeshuah Thrashroah: "Eu escolherei uma virgem digna para dar à luz a Jesus, e você a chamará de santa." O sexto é, BOVGTh RTzPIM ASThThR ShGVPI IShVO ThAKLV, Beaugoth Ratzephim Assattar Shegopi Yeshuah Thakelo: "Eu me ocultarei em bolo assado em brasa, para que vos alimenteis de Jesus, Meu Corpo." A importância cabalística destas sentenças assim como a condutas das doutrinas Cristãs, podem ser duramente superestimadas.
13. A Segunda forma de Notariqon é o exato reverso da primeira. As letras iniciais ou finais, ou ambas, ou as medianas, de uma sentença, são pegas para formar uma palavra ou palavras. Assim, a Qabalah é chamada ChKMh NSThRH, Chokhmah Nesethrah, "a sabedoria secreta;" e se nós pegarmos as inicias destas duas palavras CH e N, formaremos pelo segundo tipo de Notariqon a palavra CHN, Chen, "graça". Similarmente, das iniciais e finais das palavras MI IOLH LNV HShMIMH, Mi Iaulah Leno Ha-Shamayimah, "Quem subirá por nós aos céus?" (Deut. 30:12), são formados MILH, Milah, "circuncisão," e IHVH, o Tetragrammaton, implicando que Deus ordenou a circuncisão como caminho para o céu.
14. Temura é permutação. Segundo certas regras, uma letra é substituída por outra letra que a precede ou a segue no alfabeto, e assim de uma palavra outra palavra de ortografia totalmente diferente pode ser formada. Assim, o alfabeto é dividido exatamente ao meio, no centro, e uma metade é colocada sobre a outra; e então mudando alternadamente a primeira letra ou as primeiras duas letras no começo da segunda linha, vinte e duas permutas são produzidas. Isto se chama a "Tabela de Combinações de TzIRVP," Tziruph. Para exemplificar, eu darei o método chamado ALBTh, Albath, assim:
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
K
I
T
Ch
Z
V
H
D
G
B
A
M
N
S
O
P
Tz
Q
R
Sh
Th
L
Cada método toma seu nome dos dois primeiros pares que o compõem, o sistema de pares de letras sendo a base do todo, assim outra letra em um par é substituída por outra letra. Assim, por Albath, de RVCh, Ruach, é formado DTzO, Detzau. Os nomes dos outros vinte e um métodos são: ABGTh, AHDTh, ADBG, AHBD, AVBH, AZBV, AchBZ, ATBCh, AIBT, AKBI, ALBK, AMBL, ANBM, ASBN, AOBS, APBO, ATzBP, AQBTz, ARBQ, AShBR, AThBS. A estes devem ser adicionados os modos ABGD e ALBM. Então surge a "Tabela Racional de Tziruph, " outro conjunto de vinte e duas combinações. Há também três "Tabelas de Permutações," conhecidas respectivamente como a Direita, a Contrária e a Irregular. Pode-se fazer para qualquer delas, uma tabela, contendo 484 quadrados, com as letras escritas dentro destes. Para a "Tábua Direita" escreva o alfabeto da direita para a esquerda; e na segunda fila de quadrados faça o mesmo, mas começando com B e terminando com A; na terceira comece com G e termine com B; e assim por diante. Para a "Tábua Contrária" escreva o alfabeto da direita para a esquerda, mas no sentido contrário, começando com Th e terminando com A; na segunda fila comece com Sh e termine com Th, etc. A "Tábua Irregular " seria longa demais para descrever. Aliado a tudo isto, há o método chamado ThShRQ, Thashraq, que simplesmente escreve uma palavra de trás para frente. Há uma forma ainda mais importante, chamada de "Qabalah das Nove Câmaras," ou AIQ BKR, Aiq Bekar. Que é assim formada:
300, 30, 3
Sh, L, G
200, 20, 2
R, K, B
100, 10, 1
Q, I, A
600, 60, 6
M (f), S, V
500, 50, 5
K(f), N, H
400, 40, 4
Th, M, D
900, 90, 9
Tz (f), Tz, T
800, 80, 8
P (f), P, Ch
700, 70, 7
N (f), O, Z
Eu coloquei a numeração de cada letra acima para mostrar a afinidade entre as letras e cada câmara. Algumas vezes elas são usadas como uma cifra, tomando partes da figura para mostrar as letras que estas contêm, colocando um ponto para a primeira letra, dois para a segunda, etc. Assim, o quadrado, contendo AIQ, responderá à letra Q se esta tiver três pontos dentro dela. Novamente, um quadrado responderá por H, N, ou K final, de acordo com a possibilidade disto ter um, dois, ou três pontos respectivamente dentro dele. Assim também a respeito de outras letras. Mas há muitos caminhos de se trabalhar com a Qabalah das Nove Câmaras, que eu não tenho espaço para descrever. Mencionarei simplesmente, como um exemplo, que pelo método de Temura chamado AThBSh, Athbash, encontrado em Jeremias 25:26, a palavra ShShK, Sheshakh, simboliza BBL, Babel.
15. Além destas regras, há certos significados ocultos na forma das letras do alfabeto hebraico; na forma de uma letra particular no final de uma palavra sendo diferente do que isto geralmente representasse quando fosse uma letra final, ou em uma letra sendo escrita no centro de uma palavra em um caracter usado geralmente no final; em alguma letra ou letras sendo escritas em um lado menor ou maior do que o resto do manuscrito, ou em uma letra sendo escrita ao revés; nas variações encontradas na ortografia de certas palavras, que tem uma letra a mais em alguns lugares do que teria em outros; em peculiaridades observadas na posição de alguns pontos e acentos, e em certas expressões supostamente elípticas ou redundantes.
16. Por exemplo, a forma da letra hebraica Aleph, A, é dita simbolizar um Vau, V, entre um Yod, e um Daleth, D; e assim a letra por si própria representa a palavra IVD, Yod. Similarmente a forma da letra He, H, representa um Daleth, D, com um Yod, I, escrito no canto esquerdo inferior, etc.
17. Em Isaías 9:6, 7, a palavra LMRBH, Lemarbah, por multiplicação, é escrita com o caracter de M final no centro da palavra, ao invés de ser com o ordinário M inicial ou intermediário. A conseqüência disto é que o valor numérico total da palavra, em vez de 30+40+200+ 2+5=277, é 30+600+200+2+5=837 = por Gematria ThTh ZL, Tat Zal, o doador generoso. Assim, escrevendo o M final ao invés do caracter ordinário, a palavra leva um diferente significado cabalístico.
18. Em Deuteronimo 6:4, etc, há uma prece conhecida como Shema Yisrael. Isto começa, "ShMO IShRAL IHVH ALHINV IHVH AChD, Shemaa Yisrael, Tetragrammaton Elohino Tetragrammaton Achad: "Ouça, o Israel, Tetragrammaton nosso Deus é o Único Tetragrammaton." Neste verso a letra final O em ShMO, e o D em AChD são escritas maiores que outras letras do texto. A simbologia cabalística contida nesta circunstância é assim explanada: A letra O, sendo de valor 70, mostra que a lei pode ser explanada em setenta caminhos diferentes, e o D=4=os quatro pontos cardeais e as letras do Santo Nome. A primeira palavra, ShMO, tem o valor numérico 410, o número de anos de duração do primeiro templo, etc. Há muitos outros pontos dignos de consideração nesta prece, mas o tempo não me permite entrar neles.
19. Outros exemplos de ortografia deficiente e redundantes, peculiaridades de acentos e pontuação, etc, poderão ser encontrados em vários lugares na presente obra.
20. Deve ser observado mais a fundo a respeito da primeira palavra da Bíblia, BRAShITh, Berashith, cujas primeiras três letras, BRA, são as letras inicias dos nomes de três personagens da Trindade: BN, Ben, o Filho; RVCh, Ruach, o Espírito Santo ; e AB, Ab, o Pai. Além disto, a primeira letra da Bíblia é B, que é a letra inicial de BRKH, Barakhah, abençoando; e não A, que é de ARR, Arar, amaldiçoando. Novamente, as letras de Berashith, pegando seus poderes numéricos, expressa o número de anos entre a Criação e o nascimento de Cristo, assim: B=2000, R=200, A=1000, SH =300, I= 10, e TH = 400; total = 3910 anos, sendo o tempo em números redondos. Pico de Mirandola fez a seguinte operação para BRASHITH, Berashith:--colocou a terceira letra, A, na frente da primeira, B, e AB Ab=Pai, foi obtido. Se para a primeira letra B, duplicada, a Segunda letra, R, for adicionada, isto resultará em BBR, Bebar= em ou através do Filho. Se todas as letras forem tomadas, exceto a primeira, isto fará RASHITH, Rashith=o começo. Se com a quarta letra, Sh, a primeira B e a última Th forem conectadas, isto fará ShBTh, Skebeth=o fim ou descanso final. Se pegarmos as primeiras três letras, isto fará BRA, Bera=criado. Se, omitindo a primeira, as três seguintes forem pegas, elas farão RASh, Rash=cabeça. Se, omitindo as duas primeiras, as duas próximas forem pegas, elas darão ASh, Ash=fogo. Se a quarta e a última entrarem, elas darão ShTh, Sheth=fundação. Novamente, se a segunda letra for colocada antes da primeira, isto fará RB, Rab=grande. Se depois a terceira, a quinta e quarta forem colocadas, isto dará AISh, Aish=homem. Se para as duas primeiras forem unidas às duas últimas, elas darão BRITh, Berith=aliança. E se a primeira for adicionada à última, isto dará ThB, Theb, que é algumas usada para TVB, Thob=bom.
21. Colocando o total destes anagramas místicos em ordem apropriada, Pico fez a seguinte sentença desta única palavra BRAShITh:--Pater in filio (aut per filiumum) principium et finem (sive quietum) creavit caput, ignem, et fundamentum magni hominis foedere bono: "Através do Filho o Pai criou a Mente que é o início e o fim, o fogo da vida e a fundação do homem supernal (o Adam Qadmon) por Sua justa aliança." Que é uma curta epítome dos ensinamentos do "Book of Concealed Mystery (Livro do Oculto Mistério)." Esta instrução da Qabalah literal já se estendeu além de seus próprios limites. Foi, contudo, necessário para ser assim explícita, deste modo muita da argumentação metafísica da seguinte obra volta-se sobre esta aplicação.
22. O termo "Qabalah Não-escrita" é aplicado para certo conhecimento que nunca é guardado escrito, mas comunicado oralmente. Nada mais posso dizer sobre este ponto, nem mesmo se eu recebi ou não. Naturalmente, até a época do Rabi Schimeon Ben Jochai nada da Qabalah já havia sido escrito.
23. A Qabalah Dogmática contém a porção doutrinal. Há um grande número de tratados de várias datas e méritos que foram feitos sobre a Qabalah escrita, mas eles podem ser reduzidos para quatro categorias:
(a) O Sepher Yetzirah e suas subordinações.
(b) O Zohar com seus desenvolvimentos e comentários
(c) O Sepher Sephiroth e suas expansões.
(d) O Asch Metzareph seu simbolismo.
24. O SPR ITzIRH, Sepher Yetzirah, ou "Livro da Formação," é atribuído ao patriarca Abraão. Trata da cosmogonia segundo simbolizada pelos 10 números e vinte e duas letras do alfabeto, que são os chamados "trinta e dois caminhos." Sobre estes últimos o Rabi Abraham Ben Dior escreveu um comentário místico. O termo "caminho" é usado através da Qabalah para significar uma idéia hieróglifa, ou algo da esfera das idéias, que possa ser anexado à algum glifo ou símbolo.
25. O ZHR, Zohar, ou "Esplendor," além de muitos outros tratados menos notáveis, contém os seguintes livros mais importantes:
(a) O SPRA DTzNIOVThA, Siphra Dtzenioutha, ou "Book of Concealed Mystery (Livro do Oculto Mistério)," que é a raiz e a fundação do Zohar.
(b) O ADRA RBA QDIShA, Idra Rabba Qadisha ou "Greater Holy Assembly (Grande Assembléia Sagrada)" este é um desenvolvimento do " Livro do Oculto Mistério."
(c) O ADRA ZVTA QDIShA, Idra Zuta Qadisha, ou "Lesser Holy Assembly (Assembléia Sagrada Menor);" que está na natureza de um suplemento para o "Idra Rabba." Estes três livros tratam do desenvolvimento gradual da Deidade criativa, e com Ele a Criação. O texto destas obras foram anotados por Knorr von Rosenroth (o autor de "Qabalah Denudata,") dos códigos Mantuano, Cremonesiano e Lublinesiano, que são cópias impressas corrigidas; destes o Mantuano e o Cremonesiano são os mais antigos. Uma espécie de comentário também é dado, que é distinto do texto atual sendo escrito entre parênteses.
(d) O tratado pneumático chamado BITh ALHIM, Beth Elohim, ou a "Casa de Elohim," editado pelo Rabi Abraham Cohen Irira, das doutrinas do Rabi Yitzchaq Loria (Isaac Luria). Trata de anjos, demônios, Espíritos dos elementos e almas.
(e) O "Book of the Revolutions of Souls" (Livro da Revolução das Almas) é um tratado peculiar e discursivo, e é uma expansão das idéias do Rabi Loria (Luria).
26. O SPR SPIRVTh, Sepher Sephiroth, ou "Livro das Emanações," descreve, assim por falar, a evolução gradual da Deidade da existência negativa para a positiva.
27. O ASh MTzRP, Asch Metzareph, ou Fogo Purificante, é hermético e alquímico, e é conhecido por poucos, e quem conhece é ainda menos conhecido.
28. As principais doutrinas da Qabalah são designadas para resolver os seguintes problemas:
(a) A Existência Suprema, Sua natureza e atributos.
(b) A Cosmogonia.
(c) A criação dos anjos e do homem.
(d) O destino do homem e dos anjos.
(e) A natureza da alma.
(f) A natureza dos anjos, demônios, e dos elementos.
(g) A importância da lei revelada.
(h) O simbolismo transcendental dos números.
(i) Os mistérios peculiares contidos nas letras hebraicas.
(j) O equilíbrio dos contrários.
29. O "Livro do Oculto Mistério" abre com estas palavras: "O Livro do Oculto Mistério é o livro do equilíbrio da balança." O que aqui significam os termos "equilíbrio e balança"? Equilíbrio é a harmonia que resulta da analogia dos contrários, ele é o centro morto onde, a oposição das forças contrárias sendo iguais em força, resultam em sucedidos movimentos. Ele é o ponto central. É o "ponto dentro do círculo" do antigo simbolismo. É a síntese viva do poder contrabalançado. Esta forma pode ser descrita como o equilíbrio da luz e da sombra; pegue sempre outro fator, e a forma será invisível. O termo balança é aplicado para as duas naturezas opostas em cada tríade das Sephiroth, seu equilíbrio formando a terceira Sephira em cada ternário. Eu devo repetir este assunto na explicação das Sephiroth. Esta doutrina do equilíbrio e da balança é fundamental na idéia cabalística.
30. O " Book of Concealed Mystery (Livro do Oculto Mistério)" declara que este "Equilíbrio está suspenso naquela região que é de existência negativa." O que é existência negativa? O que é existência positiva? A distinção entre elas é outra idéia fundamental. Definir a existência negativa claramente é impossível, pois quando isto é distintamente definido deixa de ser existência negativa; é então existência negativa passar pela condição estática. Portanto, os Cabalistas sabiamente excluíram da compreensão mortal o primitivo AIN, Ain, a Única Existência Negativa, e o AIN SVP, Ain Soph, a Expansão Ilimitada; enquanto, do mesmo modo, do AIN SVP AVR, Ain Soph Aur, A Luz Ilimitada, somente uma sombria concepção pode ser formada. Sendo que, se pensarmos profundamente, veremos que tais são as formas primitivas desconhecidas e sem o Nome, que nós, na forma mais manifesta chamamos de Deus. Ele é o Absoluto. Mas quem de nós define o Absoluto? Até mesmo quando definimos isto, isto desliza de nossas forças, deixando de ser Absoluto quando definido. Diremos então que o Negativo, o Ilimitado, o Absoluto são, logicamente falando, absurdos, desde que sejam idéias que nossa razão possa definir? Não; para podermos defini-los, nós deveríamos sermos, por assim dizer, contidos pela nossa razão, e portanto não superior a ela; para um assunto ser capaz de ser definido isto requer que certos limites sejam designados para isto. Quem de nós então pode limitar o Ilimitável?
31. O primeiro princípio e axioma da Qabalah é o nome da Deidade, traduzida em nossa versão da Bíblia, "Eu sou o que sou," AHIH AShR AHIH, Eheieh Asher Eheieh. Uma tradução melhor é, "Existência é existência, ou Eu sou Aquele que é."
32. Eliphas Levi Zahed, este grande filósofo e cabalista do presente século, disse em seu "Histoire de la Magie" (História da Magia) (livro 1 cap. 7): "Os cabalistas tem horror de tudo que se assemelhe à idolatria; eles, contudo descrevem a forma humana de Deus, mas isto é uma figura puramente hieróglifa. Ele consideram Deus como a Inteligência, a Vida e o Único Amor Infinito. Ele não é para eles a coleção de outras existências, nem a abstração da existência, nem uma existência filosoficamente definivel. Ele está em tudo, distinto de tudo, e maior que tudo. Seu próprio nome é inefável; e ainda este nome somente expresse o ideal humano de Sua Divindade. O que Deus é em si mesmo não é dado ao homem conhecer. Deus á a fé absoluta; existência é o absoluto da razão, existência existe por si mesma, e porque existe. A razão da existência da existência é a existência por si mesma. Podemos perguntar, 'O que faz uma coisa em particular existir?' que é, 'O que faz tal ou tal coisa existir?' Mas não podemos perguntar, sem ser uma absurdo fazê-lo, 'O que faz a existência existir?' Para isto seria suposta uma existência prévia para a existência" Novamente, o mesmo autor diz (ibid. livro 3 cap. 2): "Falar, 'Acreditarei quando a verdade do dogma for cientificamente provada para mim,' é o mesmo que dizer, 'Acreditarei quando eu não tiver nada mais para acreditar, e quando o dogma for destruído como dogma pelo retorno ao teorema científico.' Que é por assim dizer, em outras palavras: 'Eu somente admitirei o Infinito quando ele for explanado, determinado, circunscrito, e definido para meu benefício; em uma palavra, quando isto tornar-se finito. Então acreditarei no Infinito quando eu estiver certo que o Infinito não existe. Acreditarei na vastidão do oceano quando eu vê-lo posto dentro de bolhas.' Mas quando uma coisa tiver sido claramente provada e feita compreensível para você, você acreditará não além do que você saberá."
33. No "Bhagavadgîtâ," cap. 9., é dito, "Eu sou Imortalidade e também morte; e eu, O Arguna! Sou aquele que é aquele que não é." [Ou, "que existe negativamente."] E novamente (cap. 4): "E, O descendente de Bharata! veja maravilhas em números, nunca vistas antes. Dentro de meu corpo, O Gudâkesa! Veja hoje todo o universo, incluindo tudo o que é móvel e imóvel, tudo em um." E novamente (ibid.) Arguna diz: "O Senhor Infinito dos Deuses! O Tu que te espalhas pelo universo! Tu és o Indestrutível, aquele que é, aquele que não é, e que está além disto. Tu és o Deus Primitivo, O Antigo; Tu és o maior suporte deste universo. Por ti o universo é impregnado, O Tu de infinitas formas ….Tu és de infinito poder, de imensurável glória; Tú impregnaste tudo, e portanto, Tu és tudo!"
34. A idéia da existência negativa pode então existir como uma idéia, mas isto não terá definição, visto que a idéia de definição é completamente incompatível com esta natureza. "Mas," alguns dos meus leitores talvez digam, "seu termo existência negativa é seguramente uma designação incorreta, o estado que você descreve seria melhor expresso pelo título de subsistência negativa." Assim não, eu respondo; a subsistência negativa nunca pode ser nada mais que subsistência negativa; isto não pode variar, isto não pode desenvolver; pois a negativa subsistência é literalmente e verdadeiramente nenhuma coisa.
Portanto a subsistência negativa não pode estar em tudo; isto nunca existiu, isto não existe, isto nunca existirá. Mas a existência negativa traz ocultada em si mesma, vida positiva; pois nas ilimitadas profundezas do abismo destas mentiras negativas elas ocultam em si mesmas o poder de erguer-se, o poder de projetar as faíscas de pensamentos dentro de outro, o poder de re-envolver o sintagma interno. Assim, coberta e velada é a intensidade absorvida pelo giro descentralizado da vasta expansão. Portanto, eu tenho trabalhado o termo "Ex-sto (existo)," mais do que "Sub-sto (subsisto)."
35. Mas entre duas idéias tão diferentes como a existência negativa e a positiva se requer um certo nexo, ou vínculo de conexão, e por isto nós chegamos na forma que é chamada existência potencial, que quanto mais perto se aproximar da existência positiva, ainda será escassa de clara definição. Esta é a existência, em sua possível forma. Por exemplo, em uma semente, a está escondida a árvore que pode florir dela; esta é a condição da existência potencial; há; mas não admitirá definição. Como muito menos, então, essas sementes em que a árvore está podem voltar a brotar? Mas a última está em uma condição que, enquanto está em parte análoga à existência potencial, é duro para ela avançar um estágio; que é, estar em existência negativa.
36. Mas, em outra mão, a existência positiva é sempre capaz de definição; ela é dinâmica; ela tem certos poderes evidentes, e é portanto a antítese da existência negativa, e ainda mais da subsistência negativa. Ela é a árvore, não profundamente oculta na semente, mas desenvolvida dentro da outra. Mas a existência positiva tem um começo e um fim, e ela portanto requer outra forma para qual depender, pois sem este outro ideal negativo oculto atrás dela, ela é instável e insatisfatória.
37. Assim, então, eu tenho debilmente e com toda reverencia me esforçado para sombrear para a mente de meus leitores a idéia do Ilimitável. E antes desta ou daquela idéia, eu somente posso dizer, nas palavras do antigo oráculo: "Nele está um ilimitado abismo de glória, e disto veio adiante uma pequena centelha que fez toda a glória do sol, e da lua, e das estrelas. Mortal! Olhe como eu conheço pouco de Deus; não busque conhecer mais Dele, pois isto estar muito além de tua compreensão, contudo sábio tu és; assim como nós, que somos Seus ministros, como pequena parte que somos Dele!"
38. Há três véus cabalísticos de existência negativa, e eles formularam por si próprios as idéias ocultas das Sephiroth ainda não chamadas à existência, e eles estão concentrados em Kether, que neste sentido é o Malkuth das idéias ocultas das Sephiroth. Eu explicarei isto. O primeiro véu da existência negativa é AIN, Ain=Negatividade. Esta palavra consiste de três letras, que fazem sombra às três primeiras Sephiroth ou números. O segundo véu é o AIN SVP, Ain Soph=o Ilimitado. Este título consiste em seis letras, e faz sombra à idéia das seis primeiras Sephiroth ou números. E o terceiro véu é AIN SVP AVR, Ain Soph=a Luz Ilimitada. Isto novamente consiste de nove letras, e simboliza as primeiras nove Sephiroth, mas naturalmente apenas em sua idéia oculta. Mas quando alcançarmos o número nove, não poderemos progredir mais distante sem retornar à unidade, ou o número um, pois o número dez é uma repetição da unidade recentemente derivada do negativo, como é evidente num relance em sua representação ordinária nos números arábicos, onde o círculo 0 representa o Negativo, e o 1 a Unidade. Assim, então, o oceano ilimitado da luz negativa não procede de um centro, porque é descentralizado, mas concentra um centro, que é o número um da Sephiroth manifesta, Kether, a Coroa, a Primeira Sephira; que pode portanto ser dita como o Malkuth ou número dez da Sephiroth oculta. Assim, "Kether está em Malkuth, e Malkuth está em Kether." Ou, como um autor alquímico de grande
reputação (Thomas Vaughan, mais conhecido como Eugenius Philalethes) diz, ["Eufrates, ou, as Águas do Leste" ] aparentemente citando Proclus: "Que o paraíso está na terra, mas após uma conduta terrestre; e que a terra está no paraíso, mas após uma conduta divina." Mas visto que a existência negativa é um assunto incapaz de definição, como eu mostrei antes, é preferivelmente considerada pelos cabalistas como dependente do número da unidade do que como uma consideração divorciada deste; porque eles aplicam freqüentemente os mesmos termos e epítetos indiscriminadamente a qualquer um. Tais epítetos: "O Oculto do Oculto," "O Ancião dos Anciões," "O Mais Sagrado Ancião," etc.
39- Eu devo agora explicar o real significado dos termos Sephira e Sephiroth. O primeiro é singular, o segundo é plural. A melhor tradução da palavra é "emanação numérica."
Há dez Sephiroth, que são as formas mais abstratas dos dez números da escala decimal, isto é, os números 1, 2, 3.4, 5, 6, 7, 8, 9, 10. Portanto, assim como na alta matemática nós raciocinamos os números em seus sentidos abstratos, na Qabalah nós raciocinamos a Deidade pelas formas abstratas dos números; em outras palavras, pelas SPIRVTh, Sephiroth. Foi desta antiga teoria oriental que Pitágoras derivou suas simbólicas idéias numéricas.
40. Entre estas Sephiroth, juntamente e variavelmente, nós encontramos o desenvolvimento das personalidades e atributos de Deus. Destes alguns são masculinos e alguns são femininos. Agora, por alguma razão ou outra melhor conhecida por eles mesmos, os tradutores do Bíblia cuidadosamente tiraram da existência e encobriram toda referência ao fato que a Deidade é ambos masculino e feminino. Eles traduziram um plural feminino por um singular masculino no caso da palavra Elohim. Eles, contudo deixaram uma admissão inadvertida de seu conhecimento que era plural no Gen. 1:26; "E Elohim disse: Façamos o homem" Novamente (1:27), como poderia Adão ser feito a imagem de Elohim, macho e fêmea, a menos que o Elohim fosse tanto masculino quanto feminino? A palavra Elohim é um plural formado do singular feminino ALH, Eloh, adicionando IM à palavra. Mas visto que IM geralmente é a terminação do plural masculino, e é aqui adicionado a um substantivo feminino, isto dá à palavra Elohim o sentido de um potência feminina unida a uma idéia masculina, e desse modo capaz de produzir uma prole. Agora, nós ouvimos muito do Pai e do Filho, mas nada ouvimos da Mãe nas religiões ordinárias atuais. Mas na Qabalah, nós encontramos que o Ancião dos Dias acomoda simultaneamente em si mesmo o Pai e a Mãe, e assim cria o Filho. Agora, esta Mãe é Elohim. Novamente, nós geralmente dizemos que o Espírito Santo é masculino. Mas a palavra RVCh, Ruach, Espírito, é feminina, como aparece na seguinte passagem do Sepher Yetzirah: "AChTh RVCh ALHIM ChIIM, Achath (feminino, não Achad, masculino) Ruach Elohim Chiim: Uma é Ela o Espírito de Elohim da Vida.".
41. Agora, descobrimos que antes a Deidade assim se acomodou- isto é, como o macho e a fêmea- que os mundos do universo não poderiam subsistir, ou, nas palavras do Gênesis, "a Terra era sem forma e vazia." Estes mundos anteriores são considerados ser simbolizados pelos "reis que reinaram em Edom antes que reinasse um rei em Israel," e portanto são descritos na Qabalah como os "reis Edomitas." Isto será completamente explicado em várias partes desta obra.
42. Nós vamos agora à consideraração da primeira Sephira, ou o Número Um, a Mônada de Pitágoras. Neste número estão ocultos os outros nove. Ele é indivisível, e também incapaz de multiplicação; divida 1 por ele mesmo e ele ainda será 1, multiplique 1 por ele mesmo e ele ainda permanecerá 1 inalterado. Assim, ele é um representante apropriado do imutável Grande Pai de tudo. Agora este número da unidade tem uma natureza dupla, formando assim, de certo modo, a ligação entre o negativo e o positivo. Em sua unidade imutável é apenas um número; mas em sua propriedade de capacidade de adição, ele pode ser chamado o primeiro número de uma série numérica. Agora, o zero, 0, é incapaz de igual adição, assim como é também a existência negativa. Como, então, se 1 não pode ser multiplicado nem dividido, é outro 1 obtido para adicionar isto, como o número 2 é encontrado? Pelo reflexo de si mesmo. Pois embora o 0 seja incapaz de definição, o 1 é definível. E o efeito de uma definição disto forma um Eidolon (espectro), duplicata, ou imagem, da coisa definida. Assim, então, nós obtemos uma dual composição do 1 e de seu reflexo. Agora também nós temos o começo de uma vibração estabelecida, pois o número 1 vibrar alternadamente da imutabilidade à definição, e volta à imutabilidade novamente. Assim, ele é o pai de todos os números, e um tipo apropriado do Pai de todas as coisas.
O nome da primeira Sephira é KThR, Kether, a Coroa.
O nome divino atribuído à ela é o nome do Pai dado no Êxodo. 3:4 : AHIH, Eheieh, Eu Sou. Significa a Existência
Entre outros epítetos aplicados a ela, como o que diz que ela contém em si mesma a idéia da existência negativa dependente atrás dela, estão:
TMIRA DTMIRIN, Temira De-Temirin, o Oculto do Oculto.
OThIQA DOThIQIN, Authiqa De-Authiqun, o Ancião dos Anciões.
OThIQA QDIShA, Authiqa Qadisha, o Mais Sagrado Ancião.
OThIQA, Authiqa, o Ancião.
OThIQ IVMIN, Authiq Iomin, o Ancião dos Dias.
Ela é também chamada:
NQDH RAShVNH, Nequdah Rashunah, o Ponto Primordial.
NQDH PShVTh, Nequdah Peshutah, o Ponto Liso.
RIShA HVVRH, Risha Havurah, a Cabeça Branca.
RVM MOLH, Rom Meolah, o Cume Inescrutável.
Além de todos estes há outros nomes mais importantes aplicados para esta Sephira como a representação do Grande Pai de todas as coisas. Isto é ARIK ANPIN, Arikh Anpin, o Grande Rosto, ou Macroprosopus. Dele é dito que é em parte oculto (no sentido de Sua conexão com a existência negativa) e em parte manifesto (como uma Sephira positiva). Por isso, o simbolismo do Grande Rosto é aquele de um perfil em que somente um lado do rosto é visto; ou, como é dito na Qabalah, "Nele tudo está no lado direito." Eu me referirei a este título novamente.
O conjunto da dez Sephiroth representam o Homem Divino, o Ser Primordial, ADM OILAH, Adam Auilah. Sob este Sephira é classificada a ordem angélica dos ChIVTh HQDSh, Chioth Ha-Qadesh, sagradas criaturas vivas, o Querubim ou Esfinge da visão de Ezequiel e do Apocalipse de São João. Estes são representados no zodíaco pelos quatro signos: Touro, Leão, Escorpião e Aquário -- o Touro, o Leão, a Águia e o Homem. Escorpião, como um bom emblema, sendo simbolizado pela águia, e como um mal emblema de escorpião, como uma mista natureza pela serpente.
Esta primeira Sephira contém as outras nove, e produziu-as em sucessão, assim:
43. O número 2, ou a Díade. O nome da segunda Sephira é ChKMH, Chokmah, Sabedoria, uma potência ativa masculina refletida de Kether, como eu já havia explicado. Esta Sephira é o Pai ativo e evidente, ao qual a Mãe é unida, que é o número 3. Esta segunda Sephira é representada pelos nomes divinos, IH, Yah, e IHVH; e entre o coro angélico por AVPNIM, Auphanim, as Rodas (Ezequiel 1.). A segunda Sephira é também chamada AB, Ab, o Pai.
44. A terceira Sephira, ou Tríade, é uma potência feminina, chamada BINH, Binah, o Entendimento, que é equiparada com Chokmah. Pois Chokmah, o número 2 é como duas linhas retas que nunca podem encerrar um espaço, e portanto é impotente até o número 3 formar o triângulo. Assim esta Sephira completa e torna evidente a Trindade supernal. Ela é também chamada AMA, Ama, Mãe, e AlMA, Aima, a grande Mãe produtiva, que é eternamente unida com AB, o Pai, para manter o universo em ordem. Portanto é ela a forma mais evidente pela qual podemos conhecer o Pai, e é consequentemente digna de toda a honra. Ela é a Mãe supernal, equiparada com Chokmah, e a grande forma feminina de Deus, o Elohim, em cuja imagem o homem e a mulher foram criados, de acordo com o ensinamento da Qabalah, igual perante a Deus. A mulher é igual ao homem, e certamente não inferior a ele, como foi esforçadamente pregado pelos assim chamados Cristãos. Aima é a mulher descrita no Apocalipse (cap. 12). Esta terceira Sephira é às vezes também chamada o grande mar. À ela são atribuídos os Nomes Divinos, ALHIM, Elohim, e IHVH ALHIM; e a ordem angélica, ARALIM, Aralim, os Tronos. É a Mãe supernal, distinta de Malkuth, a Mãe inferior, a Noiva, a Rainha.
45. O número 4. Esta união da segunda e da terceira Sephiroth produz ChSD, Chesed, Misericórdia ou Amor, também chamada GDVLH, Gedulah, Grandeza ou Magnificência, uma potência masculina representada pelo Nome Divino AL, El, o Único Poderoso, e o nome angélico ChShMLIM, Chashmalim, Chamas Cintilantes (Ezequiel 4:4).
46. O número 5. Disto emanou a potência passiva feminina GBVRH, Geburah, força ou coragem; ou DIN, Deen, Justiça; representada pelos Nomes Divinos ALHIM GBVR, e ALH, Eloh, e pelo nome angélico ShRPIM, Seraphim (Isaías 6:6). Esta Sephira é também chamada PChD, Pachad, Medo.
47. O número 6. Da união destas duas surgiu a Sephira, ThPARTh, Tiphereth, Beleza ou Suavidade unindo-se, representada pelo Nome Divino ALVH VDOTh, Eloah Va-Daath, e pelos nomes angélicos, ShNANIM Shinanim,(Salmos 68:18), ou MLKIM, Melakim, reis. Assim, pela união da justiça e da misericórdia nós obtemos a beleza ou clemência, e a Segunda trindade da Sephiroth está completa. Esta Sephira, ou "Caminho," ou "Numeração" – pois pelas últimas denominações as emanações são algumas vezes chamadas -- juntamente com a quarta, a quinto, a sétima, a oitava e a nona Sephiroth, são chamados como ZOIR ANPIN, Zauir Anpin, o Rosto Menor, ou Microprosopus, em antítese ao Macroprosopus, ou o Grande Rosto, que é um dos nomes de Kether, a primeira Sephira. As seis Sephiroth das quais Zauir Anpin é composto, são então chamadas Seus seis membros. Ele também é chamado MLK, Melekh, o Rei.
48. O número 7. A sétima Sephira é NTzCh, Netzach, ou Firmeza e Vitória, correspondendo ao Nome Divino Jehovah Tzabaoth, IHVH TzBAVTh, o Senhor dos Exércitos, e aos nomes angélicos a ALHIM, Elohim, deuses, e ThRShIShIM, Tharshisim, os únicos brilhantes (Daniel. 10:6).
49. O número 8. Dali procedeu a potência feminina passiva HVD, Hod, Esplendor, correspondendo ao Nome Divino ALHIM TzBAVTh, Elohim Tzabaoth, os Deuses dos Exércitos, e entre os anjos a BNI ALHIM, Beni Elohim, os Filhos dos Deuses (Gen. 6:4).
50. O número 9. Estes dois produziram ISVD, Yesod, o Fundamento ou Base, representado por AL ChI, El Chai, pela Única Vida Poderosa, e por ShDI, Shaddai, e entre os anjos por AShIM, Aishim, as Chamas (Salmos 104:4), produzindo a terceira Trindade da Sephiroth.
51. O número 10. Desta nona Sephira veio a décima e última, assim completando a década dos números. Ela é chamada MLKVTh, Malkuth, o Reino, e também a Rainha, Matrona, a Mãe inferior, a Noiva do Microprosopus; e ShKINH, Shekinah, representada pelo Nome Divino ADNI, Adonai, e entre o coro angélico por KRVBIM Kerubim. Agora, cada uma destas Sephiroth terá um certo grau andrógino, por isto será feminino ou receptivo no que diz respeito à Sephira que o precede imediatamente na escala de Sephirotica, e masculino ou transmissor no que diz respeito à Sephira que imediatamente a segue. Mas não há Sephira anterior a Kether, nem há Sephira que suceda a Malkuth. Por estas observações será compreendido como Chokmah é um nome feminino, embora lembre uma Sephira masculina. O vínculo de conexão da Sephiroth é o Ruach, espírito, de Mezla, a influência oculta.
52. Eu agora adicionarei um pouco mais de observações sobre o significado cabalístico do termo MThQLA, Metheqela, balança. Em cada uma destas três trindades ou tríades da Sephiroth está um dualismo de sexos opostos, e a união resulta em inteligência. Nisto, as potências masculinas e femininas são consideradas como as duas escalas da balança, e a Sephira de união com a viga que as juntam. Assim, então, o termo balança pode ser dito simbolizar o Triuno, Trindade na Unidade, e a Unidade representada pela ponta central da
viga. Mas, novamente, na Sephiroth há uma tríplice Trindade, o superior, o inferior e o centro. Agora, estas três são representadas assim: o Supernal, ou o mais alto, pela Coroa, Kether; o centro pelo Rei, e o inferior pela Rainha; que será a trindade maior. E os equivalentes terrenos destes serão o primum mobile, o Sol e a Lua. Aqui imediatamente encontramos o simbolismo alquímico.
53. Agora no mundo as Sephiroth são representadas por:
(1) RAShITh HGLGLIM, Rashith Ha-Galgalim, o começo dos movimentos giratórios, o Primum Mobile.
(2) MSLVTh, Masloth, a esfera do Zodíaco..
(3) ShBThAI, Shabbathai, descanso, Saturno.
(4) TzDQ, Tzadeq, justiça, Júpiter.
(5) MADIM, Madim, força veemente, Marte.
(6) ShMSh, Shemesh, a luz solar, o Sol.
(7) NVGH, Nogah, brilhante esplendor, Vênus.
(8) KVKB, Kokab, a luz estelar, Mercúrio.
(9) LBNH, Levanah, o raio lunar, a Lua.
(10) ChLM ISVDVTh, CholomYesodoth, os destruidores do fundamento, os elementos.
54. As Sephiroth são melhor divididas em três pilares: no lado direito pelo Pilar da Misericórdia, consistindo da segunda, quarta e sétima emanações; no lado esquerdo pelo Pilar do Julgamento (NT: ou da Severidade), consistindo da terceira, quinta, e oitava; e no centro pelo Pilar da Suavidade, consistindo da primeira, sexta, nona e décima emanações.
55. Em sua totalidade e unidade as dez Sephiroth representam o homem arquétipo, ADM QDMVN, Adam Qadmon, o Protogonos. Olhando nas Sephiroth que constituem a primeira tríade, é evidente que elas representam o intelecto; e por isso esta tríade é chamada o mundo intelectual, OVLM MVShKL, Olahm Mevshekal. A segunda tríade corresponde ao mundo moral, OVLM MVRGSh, Olahm Morgash. A terceira representa poder e estabilidade, e portanto é chamada o mundo material, OVLM HMVTBO, Olahm Ha-Mevetbau. Estes três aspectos são chamados as faces, ANPIN, Anpin. Assim, é formada a árvore da vida, OTz ChIIM, Otz Chiim; a primeira tríade sendo colocada acima, a segunda e terceira abaixo, de modo que as três Sephiroth masculinas estejam na direita, as três femininas na esquerda, enquanto as quatro Sephiroth de união ocupem o centro. Esta é a cabalística Árvore da Vida, sobre a qual todas as coisas dependem. Há considerável analogia entre ela e a árvore Yggdrasil dos escandinavos.
56. Eu já havia observado que há uma trindade que encerra todas as Sephiroth, e que esta consiste da Coroa, o Rei, e a Rainha. (Em alguns sentidos estas são similares à Trindade Cristã do Pai, Filho, e Espírito Santo, que em suas mais altas naturezas divinas são simbolizados pelas três primeiras Sephiroth, Kether, Chokmah, e Binah.) Esta é a Trindade que criou o mundo, ou, em linguagem cabalística, o universo nasceu da união do Rei e da Rainha coroados. Mas de acordo com a Qabalah, antes da completa forma do homem divino (as dez Sephiroth) ser produzida, certos mundos primordiais foram criados, mas estes não puderam se sustentar, assim o equilíbrio da balança ainda não estava perfeito, e eles foram convulsionados e destruídos pelas forças desequilibradas. Estes mundos primordiais são chamados os "reis do tempo antigo", e os "Reis de Edom que reinaram antes dos monarcas de Israel." Neste sentido, Edom é o mundo da força desequilibrada, e Israel é a Sephiroth equilibrada (Gen. 36:31). Este importante fato, de que mundos foram criados e destruídos antes da presente criação, é novamente e mais uma vez reiterado no Zohar.
57. Agora as Sephiroth são também chamadas o Mundo das Emanações, ou o Mundo Atziluthico, ou mundo arquétipo, OVLM ATzILVTh, Olahm Atziloth; e este mundo dá a luz a três outros mundos, cada um contendo uma repetição da Sephiroth, mas em uma escala descendente de brilho.
58. O segundo mundo é o Briático, OVLM HBRIAH, Olahm Ha-Briah, o mundo da criação, também chamado KVRSIA, Khorsia, o trono. Ele é uma imediata emanação do mundo de Atziluth, cujas dez Sephiroth estão refletidas nele, e são consequentemente mais limitadas, embora elas sejam ainda de natureza mais pura, e sem alguma mistura adicional de matéria.
59. O terceiro é o mundo Yetzirático, OVLM HITzIRH, Olahm Ha-Yetzirah, ou mundo da Formação e dos anjos, que procede de Briah, e embora menos refinado em substância, é ainda sem matéria. É neste mundo angélico onde esses seres inteligentes e incorpóreos residem e em que estão envoltos em uma roupagem luminosa, e em que assumem uma forma quando eles aparecerem ao homem.
60. O quarto é o mundo Assiático, OVLM HOShIH, Olahm Ha-Assiah, o Mundo da Ação, também chamado o mundo das cascas, OVLM HQLIPVTh, Olahm Ha-Qliphoth, que é o mundo da matéria, feito de grossos elementos de outra árvore. Este também é a residência de maus espíritos que são chamados "as cascas" pela Qabalah, Qliphoth, cascas materiais. Os demônios também estão divididos em dez classes, e têm habitações apropriadas.
61. Os Demônios são as mais grotescas e as mais deficientes de todas as formas. Seus dez graus correspondem à década da Sephiroth, mas em proporção inversa, assim a escuridão e a impureza aumentam com a descida de cada grau. Os dois primeiros não são nada mais que ausência de forma visível de organização. O terceiro é a residência da escuridão. Os próximos sete Infernos seguintes são ocupados por aqueles esses demônios que representam vícios humanos incarnados, e torturam aqueles que têm viciado a si mesmos na vida terrena. Seu príncipe é SMAL, Samael, o anjo do veneno e da morte. Sua esposa é a meretriz, ou mulher de prostituição AShTh ZNVNIM, Isheth Zenunim; e unidos eles são chamados a Besta, CHIVA, Chioa. Assim, a trindade infernal é completada, que é, por assim dizer, o adverso e caricato do supernal Único Criativo. Samael é considerado ser idêntico a Satan.
62. O nome da Deidade, que nós chamamos Jehovah, é em hebraico um nome de quatro letras, IHVH; e a verdadeira pronuncia dele é conhecida por poucos. Eu mesmo conheço alguns números de diferentes pronúncias místicas disto. A verdadeira pronuncia é o mais secreto arcano, e é o segredo dos segredos. "Ele que pode pronunciar isto corretamente, causa tremor no céu e na terra, pois este nome trafega através do universo". Portanto, quando um devoto judeu vem a ele na leitura da Escritura, ele ao invés de tentar pronunciar isto, faz uma curta pausa, ou ele substitui isto pelo nome Adonai, ADNI, Senhor. O radical significado da palavra é "ser," e deste modo, como AHIH, Eheieh, um glifo de existência. Ele é capaz de doze transposições, as quais todas conduzem ao significado "ser"; ela é a única palavra que levará muitas transposições sem ter seu significado alterado. Elas são chamadas as "doze títulos do nome poderoso," e são ditas por alguns governarem os doze signos do Zodíaco. Estes são os doze títulos: IHVH, IHHV, IVHH, HVHI, HVIH, HHIV, VHHI, VIHH, VHIH, HIHV, HIVH, HHVI. Há três outros nomes Tetragramáticos, que são AHIH, Eheieh, existência; ADNI, Adonai, Senhor; e AGLA Agla. Esta última não é, propriamente falando, uma palavra, mas um notariqon da sentença, AThH GBVR LOVLM ADNI, Ateh Gebor Le-Olahm Adonai: "Tua és poderoso para sempre, O Senhor!" Uma breve explanação de Agla é esta: A, o primordial; A, o derradeiro; G, a Trindade na Unidade; L, a conclusão da Grande Obra.
Placa 4
Tábua mostrando a relação das Sephiroth com os quatro Mundos
Atziluth
BRIAH
YETZIRAH
ASSIAH
Dez Sephiroth
Dez Nomes
Divinos
Dez Arcanjos
A Ordem dos Anjos
Planetas
A Ordem dos Demônios
Os Arqui-Demônios
Letras do Tetragrammaton
Simbólicas Formas Divinas
Os Quatro Mundos
1
Kether
Eheieh
Metraton
Chaioth Ha-Qadesh
Primum Mobile
Thamiel
Satan e Moloch
Macroprosopus ou o Grande Rosto
Atziluth
Arquétipo
2
Chokmah
Jehovah
Ratziel
Auphanim
Zodíaco
Chaigidel
Beelzebuth
I, Yod.
O Pai
Briah
Criativo
3
Binah
Jehovah Elohim
Tzaphqiel
Aralim
Saturno
Satariel
Lucifuge
H, O He Supernal
A Mãe Supernal
4
Chesed
El
Tzadqiel
Chashmalim
Júpiter
Gamchicoth
Ashtaroth
Vau
Microprosopus ou o Pequeno Rosto
Yetzirah
Formativo
5
Geburah
Elohim Gibor
Khamael
Seraphim
Marte
Galab
Asmodeus
6
Tiphereth
Eloah Vadaath
Mikhael
Malachim
Sol
Tagirion
Belphegor
7
Ntezach
Jehovah Tzabaoth
Haniel
Elohim
Vênus
Harab-Serape
Baal
8
Hod
Elohim Tzabaoth
Raphael
Beni Elohim
Mercúrio
Samael
Adramalech
9
Yesod
Shaddai, El Chai
Gabriel
Kerubim
Lua
Gamaliel
Lilith
10
Malkuth
Adonai Melekh
Metraton
Eshim
Elementos
Nahemoth
Nahemah
H, O He Inferior
A Noiva do Microprosopus
Assiah
Material
63. A primeira coisa a nós noticiada é que ambos AHIH e IHVH conduzem à idéia de existência; esta é a primeira analogia. A Segunda é, que em cada letra H vem como segunda ou quarta; e a terceira é que pela Gematria AHIH é igual a IHY sem o H (que, como nós veremos em breve, é o símbolo de Malkuth, a décima Sephira). Mas agora, se elas forem escritas uma acima das outras, assim, dentro dos braços de uma cruz,
AH
IH
IH
VH
Eles são lidos tanto descendo quanto da esquerda para direita, AHIH, IHVH.
64. Agora, se nós examinarmos a questão cabalística devemos encontrar a razão destas analogias. Pois Eheieh, AHIH, é o Grande Rosto, o Ancião, Macroprosopus, Kether, a primeira Sephira, a Coroa da grande Trindade Qabalistica Sephirotica (que consiste da Coroa, Rei, e Rainha; ou Macroprosopus, Microprosopus e a Noiva), e o Pai na aceitação Cristã da Trindade.
65. Mas IHVH, o Tetragrammaton, como devemos ver em breve, contém todas as Sephiroth com exceção de Kether, e significa especialmente o Rosto Menor, Microprosopus, o Rei da grande Trindade Qabalistica Sephirotica, e o filho em sua incarnação humana, na interpretação cristã da Trindade.
Portanto, como o filho revela o Pai, assim faz IHVH, Jehovah, revelar AHIH, Eheieh.
66. E ADNI é a Rainha "única pela qual o Tetragrammaton pode ser compreendido," cuja exaltação em Binah é encontrada na Cristã assunção da Virgem.
67. O Tetragrammaton IHVH é atribuído às Sephiroth, assim: o mais alto ponto da letra Yod, I, é dito ser atribuído à Kether; a letra I por si só à Chokmah, o pai do Microprosopus; a letra H, ou "o supernal He," à Binah e Mãe supernal; a letra V para as próximas seis Sephiroth, que são chamadas os seis membros do Microprosopus (e seis é o valor numérico de V, o Vau hebraico); por último, a letra H, o "He inferior," à Malkuth, a décima Sephira, a noiva do Microprosopus.
68. Agora, há quatro nomes secretos atribuídos aos quatro mundos de Atziluth, Briah, Yetzirah, e Assiah; e novamente, o Tetragrammaton é dito ser escrito de certa maneira em cada um destes quatro mundos. O nome secreto de Atziluth é OB Aub; o de Briah é SG Seg; o de Yetzirah é MH Mah; e o de Assiah é BN Ben. [BN, Ben significa "filho".]. A Tabela correlata mostrará o modo de escrita em cada um dos quatro mundos.
69. Estes nomes operam junto com a Sephiroth através de "231 portais", que são as assim chamados combinações do alfabeto; mas isto também tomaria muito espaço para se ir a fundo no tema aqui.
70. Intimamente associado com o tema das letras do Tetragrammaton está o dos quatro Querubins, aos quais eu já havia me referido na descrição da primeira Sephira. Agora não devemos esquecer que estas formas da visão de Ezequiel sustentam o trono da Deidade, onde o homem Celestial está assentado-- o Adam Qadmon, a imagem Sephirotica; e que entre o trono e as criaturas vivas está seu firmamento. Aqui então nós temos os quatro mundos--Atziluth, a forma deifica; Briah, o trono; Yetzirah, o firmamento; Assiah, os Querubins. Portanto, os Querubins representam os poderes das letras do Tetragrammaton sobre o plano material; e os quatro representam a operação das quatro letras em cada um dos quatro mundos. Assim, então, os querubins são formas vivas das letras, simbolizados no Zodíaco pelo Touro, Leão, Aquário e Escorpião, como eu já comentei antes.
Placa 5
Tábua mostrando o método de escrita do Tetragrammaton em cada um dos Quatro Mundos
ATZILUTH
OB Aub
I.
IVD.
Yod.
I.
IVD, HI.
Yod, He.
I.
IVD, HI, VIV.
Yod, He, Viv.
I.
IVD, HI, VIV, HI.
Yod, He, Viv, He.
BRIAH
SG Seg
I.
IVD.
Yod.
I.
IVD, HI.
Yod, He.
I.
IVD, HI, VAV.
Yod, He, Vau.
I.
IVD, HI, VAV, HI.
Yod, He, Vau, He.
YETZIRAH
MH, Mah
I.
IVD.
Yod.
I.
IVD, HA.
Yod, Hah.
I.
IVD, HA, VAV.
Yod, Hah, Vau.
I.
IVD, HA, VAV, HA.
Yod, Hah, Vau, Hah.
ASSIAH
BN, Ben
I.
IVD.
Yod.
I.
IVD, HH.
Yod, Heh.
I.
IVD, HH, VV.
Yod, Heh, Vu.
I.
IVD, HH, VV, HH.
Yod, Heh, Vu, Heh.
71. E "o mistério do homem terreno e mortal está depois do mistério do Único supernal e imortal; e assim foi ele criado à imagem de Deus sobre a terra. Na forma do corpo o Tetragrammaton é encontrado. A cabeça é o I, os braços e ombros são como H, o corpo é o V, e os pés são representados pelo H final. Portanto, assim como a forma externa do homem corresponde ao Tetragrammaton, a alma animadora corresponde às dez Sephiroth; e, como estas, encontram sua expressão final na trindade da Coroa, Rei e Rainha, assim há uma tripla divisão principal da alma. Assim, então, a primeira é Neschamah NShMH, que é o mais alto grau do existência, correspondendo à coroa (Kether), e representando a mais alta tríade das Sephiroth, o chamado mundo intelectual. A segunda é Ruach, RVCh, o base do bem e do mal, correspondendo a Tiphereth, o mundo moral. E a terceira é Nephesch, NPSh, os desejos e a vida animal, correspondendo a Yesod, e o mundo material e sensível (NT: ou sensual). Todas as almas são pré-existentes no mundo das emanações, e estão em seu original estado andrógino, mas se tornam separadas em macho e fêmea quando elas descem para a terra, e habitam diferentes corpos; se embora em sua vida mortal a metade macho encontra sua metade fêmea, uma forte união surge entre eles, e por isso é dito que no casamento as metades separadas estão novamente unidas; e as ocultas formas da alma são semelhantes ao querubim
72. Mas esta precedente divisão tripla das almas é somente aplicável à tripla forma do intelectual, moral e material. Que não percamos de vista a grande idéia cabalística, que a trindade é sempre completada e encontra sua realização no quaternário; que é, IHV completo e realizado em IHVH—a trindade de…
Coroa;
Rei;
Rainha;
Pai;
Filho;
Espírito;
Absoluto;
Formação;
Realização;
Isto é completo pelo quaternário de--
O Absoluto
Pai e Mãe
Filho
Noiva
Macroprosopus, Grande Rosto
Pai e Mãe
Microprosopus, o Pequeno Rosto
Malkuth, A Rainha e noiva
Atziluth - Arquétipo
Briah - Criativo
Yetzirah - Formativo
Assiah - Material
E para estes quatro a alma corresponde nas seguintes quatro formas:--Chiah para Atziluth; Neschamah para Briah; Ruach para Yetzirah; e Nephesch para Assiah. Veja a placa ilustrando a analogia entre a alma, as letras do Tetragrammaton, e os quatro mundos.
73. Mas Chiah está na alma na forma arquétipa análoga ao Macroprosopus. Por isso Neschamah, Ruach, e Nephesch assim representam por si mesmas o Tetragrammaton, sem Chiah, que é todavia simbolizada "no mais alto ponto de I, Yod," da alma; Assim o Macroprosopus é dito ser simbolizado pelo mais alto ponto de I, yod, de IHVH. O "yod do Ancião é oculto e encoberto."
74. eu selecionei o seguinte résumé(resumo) dos ensinamentos cabalísticos a respeito da natureza das almas da "Clef des Mystéres" (Chave dos Grandes Mistérios) de Eliphas Levi. Isto dá as principais chaves das idéias do Rabi Moses Korduero e do Rabi Yitzchaq Loria (Isaac Lúria).
"A alma é uma luz velada. Esta luz é tripla:
"Neschamah=o puro espírito;
"Ruach = a alma ou espírito;
"Nephesch=o mediador plástico.
"O véu da alma é a casca da imagem.
"A imagem é dupla porque reflete igualmente o bom e o mal anjo da alma.
"Nephesch é imortal pela sua renovação de si mesma através da destruição das formas;
"Ruach é progressiva através da evolução das idéias;
"Neschamah é progressiva sem esquecimento e sem destruição.
"Há três habitações das almas:--
''O Abismo da Vida;
"O Éden superior;
"O Éden inferior."
"A imagem Tzelem é uma esfinge que propõe o enigma da vida.
"A imagem fatal (i.e., aquela que sucumbe à outra) dota Nephesch com seus atributos, mas Ruach pode substituir a imagem conquistada pelas inspirações de Neschamah.
"O corpo é o véu de Nephesch, Nephesch é o véu de Ruach, Ruach é o véu que cobre Neschamah.
"A luz se personifica velando a si mesma, e a personificação somente é estável quando o véu está perfeito.
"Esta perfeição sobre a terra é relativa à alma universal da terra (i.e., assim como o macrocosmo ou grande mundo, para o microcosmo ou mundo menor, que é o homem).
"Há três atmosferas para as almas.
"A terceira atmosfera acaba onde a atração planetária dos outros mundos começa.
"Almas aperfeiçoadas nesta terra passam para outra estação.
"Depois de atravessar os planetas elas vão para o sol; então elas ascendem em outro universo e recomeçam sua evolução planetária de mundo a mundo e de sol a sol.
"Nos sóis elas lembram, e nos planetas elas esquecem.
"As vidas solares são os dias da vida eterna, e as vidas planetárias são as noites com seus sonhos.
"Os anjos são emanações luminosas personificadas, não pela tentativa e velamento, mas pela influência e reflexo divinos.
"Os anjos aspiram tornar-se homens, o homem perfeito, o Homem Deus, [distinto assim do Deus Homem] está acima de cada anjo.
"As vidas planetárias são compostas de dez sonhos de cem anos cada, e cada vida solar de milhares de anos; portanto diz-se que mil anos é um dia aos olhos de Deus.
"A cada semana- que é, cada catorze milhares de anos- a alma se banha e repousa em jubiloso sonho de esquecimento.
"Em seu despertar se esqueceu o mau e se lembrou apenas do bem."
75. Acompanhando a placa da formação da alma lá será visto na parte de cima três círculos, representando as três partes conhecidas como Neschamah, Ruach, e Nephesch. De Ruach e Nephesch, influenciadas pelas boas aspirações de Neschamah, procede Michael, o bom anjo da alma; que é por assim dizer, o sintético hieróglifo das boas idéias, ou, na fraseologia esotérica Budista, o "Bom Karma" de um homem. De Nephesch dominando Ruach, e sem influência das boas aspirações de Neschamah, procede Samael, o anjo mal da alma; que é por assim dizer, o sintético hieróglifo das más idéias, o "mal Karma" de um homem. E a Tzelem, ou imagem, é dupla, por refletir igualmente Michael e Samael.
76. Esta é a seguinte análise das idéias sephiroticas do Dr. Jellinek ["Beiträge zau Geschichte der Kabbalah, Erstes Heft." Leipzig. 1852.], de acordo com a ética de Spinoza:-
(1.) DEFINIÇÃO.—Sendo que pela causador e governador todas as coisas eu entendo o Ain Soph--i.e., o Ser infinito, ilimitado, absolutamente idêntico a si mesmo, unido em si mesmo, sem atributos, vontade, intenção, desejo, pensamento, palavra, ou ação.
(2.) DEFINIÇÃO.--Por Sephiroth eu entendo as potências que emanaram do Absoluto, Ain Soph, todas as entidades limitadas por quantidade, que, como a vontade, sem mudar sua natureza, os diversos objetos de vontade que são as possibilidades de variadas coisas.
I. PROPOSIÇÃO—A causa primária e o governante do mundo é o Ain Soph, que é ambos imanente e transcendente.
(a) PROVA.—Cada efeito tem sua causa, e cada coisa que tem ordem e projeto tem seu governante.
(b) PROVA.—Cada coisa visível tem um limite, que é limitado e finito, que é finito e não absolutamente idêntico; a causa primária do mundo é invisível, portanto ilimitada, infinita, absolutamente idêntica--i.e., ele é o Ain Soph.
(c) PROVA.—Como a causa primária do mundo é infinita, nada pode existir sem (EXTRA) ele; por isso ele é imanente.
Scholion.—Como o Ain Soph é invisível e exaltado, ele é ambas as raízes de fé e descrença.
II. PROPOSIÇÃO.--As Sephiroth são o intermédio entre o absoluto Ain Soph e o mundo real.
PROVA.—Como o mundo real é limitado e não perfeito, ele não pode proceder do Ain Soph: ainda assim o Ain Soph deve exercitar a sua influência sobre ele, ou sua perfeição cessará. Por isso as Sephiroth, que, em sua conexão íntima com o Ain Soph, são perfeitas, e em sua separação são imperfeitas, devem ser o meio termo.
Scholion.— Visto que todas as coisas existentes se originaram pelo intermédio das Sephiroth, há um alto, um central, e um baixo grau do mundo real. Veja abaixo, a Proposição VI.)
III.-PROPOSIÇÃO.—Há dez Sephiroth intermediárias.
PROVA.—Todos os corpos têm três dimensões, cada qual repete a outra (3 x 3); e adicionando a isso o espaço geralmente nós obtemos o número dez. Como as Sephiroth são as potências de tudo que é limitado elas podem ser dez.
(a) Scholion.—O número dez não contradiz a unidade absoluta do Ain Soph; como um é a base de todos os números, pluralmente procede da unidade, os germes contém o desenvolvimento, assim como o fogo, chama, faíscas, e a cor têm uma base, penso que eles diferirem uns dos outros.
(b) Scholion.—Assim como a cogitação ou pensamento, e até mesmo a mente como um objeto cogitado, é limitado, torna-se concreto, e tem uma medida, embora os pensamentos puros procedam do Ain Soph; assim limite, medida, e concreção são atributos das Sephiroth.
IV. PROPOSIÇÃO.--As Sephiroth são emanações, e não criações.
I. PROVA.—Como o absoluto. O Ain Soph é perfeito, as Sephiroth procedendo deste devem também ser perfeitas; por isso elas não são criadas.
2. PROVA.—Todos os objetos criados diminuem pela abstração; as Sephiroth não diminuem, como suas atividades nunca cessam; por isto elas não podem ser criadas.
Scholion.—A primeira Sephira estava no Ain Soph como uma força(poder) antes de se tornar uma realidade; então a segunda Sephira emanou como uma potência do mundo intelectual; e mais tarde as outras Sephiroth emanaram dos mundos moral e material. Isto, contudo, não implica uma priore e posteriores, ou uma graduação no Ain Soph, mas somente uma luz cujas luzes acesas, que brilham mais cedo e mais tarde, e variavelmente, apenas compreendem tudo em uma unidade.
V. PROPOSIÇÃO.--As Sephiroth são ambas ativa e passiva cada (MQBIL VMThQBL, Meqabil Va-Metheqabel).
PROVA.—Como as Sephiroth não põem de lado a unidade do Ain Soph, cada uma delas deve receber deste e dar para seu sucessor--i.e., ser receptivo e doador.
VI. PROPOSIÇÃO.—A primeira Sephira é chamada Cume Inescrutável, RVM MOLH, Rom Maaulah; a segunda, Sabedoria, ChKMH, Chokmah; a terceira, Inteligência, BINH, Binah; a quarta, Amor, ChSD, Chesed; a quinta, Justiça, PcHD, Pachad; a sexta, Beleza, ThPARTh, Tiphereth; a sétima, Firmeza, NTzCh, Netzach; a oitava, Esplendor, HVD, Hod; a nona, a Justiça é a Fundação do Mundo, TzDIQ ISVD OVLM, Tzediq Yesod Olahm; e a décima, Justiça, TzDQ, Tzedeq.
(a) Scholion.—As primeiras três Sephiroth formam o mundo do pensamento; as segundas três o mundo da alma e as quatro últimas o mundo do corpo; assim correspondendo aos mundos intelectual, moral, e material.
(b) Scholion.—A primeira Sephira está relacionada à alma, visto que é chamada a Unidade, IChIDH, Yechidah; a segunda, visto que é chamada vida, ChIH, Chiah; a terceira, visto que expressa Espírito, RVCh, Ruach; a quarta, visto que é chamada princípio vital, NPSh, Nephesch; a quinta, visto que é denominada alma, NShMH, Neschamah; a Sexta opera sobre o sangue, a sétima sobre os ossos, a oitava sobre as veias, a nona sobre a carne, e a décima sobre a pele.
(c) Scholion.—A primeira Sephira é como a luz ocultada, a Segunda como o céu-azul, a terceira como amarelo, a quarta como branco, a Quinta como vermelho, [Esta mistura de branco e vermelho se refere ao Microprosopus, como será visto na grande e na menor Assembléia Sagrada.] a sexta como branco-vermelho, a sétima como vermelho-esbranquiçado, a oitava como branco avermelhado, a nona como branco-vermelho vermelho-esbranquiçado branco-avermelhado, e a décima é como a luz refletindo todas as cores.
77. Eu voltarei agora ao tema do Arikh Anpin e Zauir Anpin, o Macroprosopus e o Microprosopus, ou o Grande e Pequeno Rostos. Macroprosopus é, isto será recordado, a primeira Sephira, ou Kether a Coroa; o Microprosopus é composto de seis das Sephiroth. No Macroprosopus tudo é luz e esplendor; mas o Microprosopus brilha somente pelo esplendor refletido do Macroprosopus. Os seis dias da criação correspondem às seis formas do Microprosopus. Portanto o símbolo de triângulos entrelaçados, formando a estrela de seis pontas, é chamado o Signo do Macrocosmo, ou da criação do grande mundo, e é consequentemente análogo aos dois Rostos do Zohar. Esta, contudo, não é a única razão oculta pela qual eu coloquei este símbolo na placa, pois isto caracteriza outras razões nas quais eu não devo entrar aqui. "O Livro do Oculto Mistério " discute plenamente o simbolismo do Macroprosopus e do Microprosopus; portanto é melhor, antes de ler este, estar cognizante de suas similaridades e diferenças. Um é AHIH, Eheieh; o outro é o V, Vau, do Tetragrammaton. As duas primeiras letras, I e H, Yod e He, são o Pai e a Mãe do Microprosopus, e o H final é a sua Noiva. Mas nessas formas é expresso o equilíbrio da Severidade e da Misericórdia; [A respeito do equilíbrio da severidade e da misericórdia do qual o universo é resultado. Ver especialmente "Grande Assembléia Sagrada," §838 et seq.] a severidade sendo simbolizada pelos dois Hs, Hes, a Mãe e a Noiva, mas especialmente pela última. Mas enquanto o excesso de Misericórdia não é uma má tendência, mas conduz um tanto à uma certa idéia de debilidade e desejo de força, também um grande excesso de Severidade evoca o executor do julgamento, a força má e opressiva que é simbolizada por Leviathan. Portanto se diz que, "Atrás dos ombros da Noiva a serpente erige sua cabeça:" da Noiva, mas não da Mãe, pois ela é o H Supernal, e machuca a sua cabeça. "Mas sua cabeça é quebrada pelas águas do grande mar." O mar é Binah, o H Supernal, a Mãe. A serpente é a força centrípeta, sempre tentando penetrar no Paraíso (as Sephiroth), e tentar a Eva (Binah) Supernal (a noiva), de modo que em seu retorno ela possa tentar o Adão Supernal (Microprosopus).
Está totalmente dentro do escopo desta Introdução examinar este simbolismo completamente, especialmente como isto origina o tema desta obra; assim eu simplesmente encaminharei meu leitor ao atual texto para elucidação adicional, esperando que pela atenta leitura desta nota introdutória ele fique mais apto a entender e seguir o progresso do ensinamento cabalístico dado nela.
FIM
NT:
e.g. – [abrev. do latim exempli gratia] por exemplo
i.e. – [abrev. do latim id est] isto é
Scholion- Um julgamento que siga imediatamente a outro é algumas vezes chamado uma conclusão ou resultado. . . Um julgamento que ilustra a ciência onde aparece, mas não é uma parte integral dele, é um scholion. Abp. Thomson (Leis do Pensamento).
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