segunda-feira, 13 de abril de 2009

FORTUNA

FORTUNA

R.O.T.A. - A Roda *

* The Vision and the Voice (quarto Aethyr).

“Entra um pavão na pedra, preenchendo todo o Ar. É como a visão chamada de o Pavão Universal, ou melhor, como uma representação dessa visão. E agora há nuvens incontáveis de anjos brancos preenchendo o Ar à medida que o pavão dissolve.

“Atrás dos anjos há arcanjos com trombetas. Estes fazem todas as coisas aparecerem imediatamente, de maneira que há uma tremenda confusão de imagens. E agora percebo que todas estas coisas são apenas véus da roda, pois todos eles se reúnem em uma roda que gira com velocidade incrível. Ela possui muitas cores, mas todas vibram com luz branca, de sorte que são transparentes e luminosas. Esta única roda são quarenta e nove rodas, dispostas a diferentes ângulos, de maneira a comporem uma esfera; cada roda tem quarenta e nove raios e quarenta e nove aros concêntricos eqüidistantes do centro, e onde quer que seja que se encontrem os raios de duas rodas quaisquer, há um lampejo ofuscante de glória. Deve-se compreender que embora tantos detalhes sejam visíveis na roda, a impressão, entretanto, ao mesmo tempo, é que se trata de um único, simples objeto.

“Parece que esta roda está sendo girada por uma mão. Embora a roda preencha todo o Ar, ainda assim a mão é muito maior que a roda. E embora esta visão seja tão grandiosa e esplêndida, ainda assim não há nenhuma seriedade com ela, ou solenidade. Parece que a mão está girando a roda meramente por prazer - seria melhor dizer divertimento.

“Uma voz é ouvida: Pois ele é um deus divertido e rubicundo e seu riso é a vibração de tudo que existe, e os terremotos da alma.

“Um está consciente do zumbido da roda vibrando um, como uma descarga elétrica atravessando um.

“Agora eu vejo as figuras na roda, que foram interpretadas como a Esfinge com a espada, Hermanúbis e Tífon. E isto está errado. O aro da roda é uma vívida serpente esmeralda; no centro da roda há um coração escarlate, e impossível de ser explicado como o é, o escarlate do coração e o verde da serpente são ainda mais vivazes do que o brilho branco ofuscante da roda.

“As figuras na roda são mais escuras do que a própria roda; aliás, são manchas sobre a pureza da roda, e por esta razão, e devido ao giro da roda, não consigo vê-las. Mas no alto parece ser o Cordeiro e o Estandarte, como se vê em algumas medalhas cristãs, e uma das coisas inferiores é um lobo, e a outra, um corvo. O símbolo do Cordeiro e o Estandarte é muito mais brilhante do que os outros dois. Ele se mantém crescendo em brilho até que agora está mais brilhante que a própria roda e ocupa mais espaço do que ela ocupava.

“Ele fala: sou o maior dos enganadores, pois minha pureza e inocência seduzirá o puro e o inocente que apenas através de mim deverão vir ao centro da roda. O lobo trai somente o ganancioso e o traiçoeiro; o corvo trai somente o melancólico e o desonesto. Mas eu sou aquele de quem está escrito: Ele enganará os próprios eleitos.

“Pois no princípio o Pai de Tudo convocou espíritos da mentira para que pudessem peneirar as criaturas da Terra em três peneiras, de acordo com as três almas impuras. E ele escolheu o lobo para a luxúria da carne e o corvo para a luxúria da mente, mas a mim ele escolheu acima de tudo para simular a presteza pura da alma. Aqueles que caíram presas do lobo e do corvo eu não feri, mas aqueles que me rejeitaram eu entreguei à ira do corvo e do lobo. E as mandíbulas de um os despedaçaram, e o bico do outro devorou os cadáveres. E portanto é meu estandarte branco, pois não deixei nada sobre a Terra vivo. Banqueteei-me do sangue dos Santos, mas os homens não suspeitam que seja eu inimigo deles pois meu tosão é alvo e cálido e meus dentes não são os dentes daquele que rasga carne; e meus olhos são suaves e eles não me conhecem como o chefe dos espíritos da mentira que o Pai de Tudo enviou de ante sua face no princípio.

(“Sua atribuição é o sal; o lobo, mercúrio e o corvo, enxofre).

“E agora o Cordeiro diminui de tamanho novamente, não há novamente nada exceto a roda, e a mão que a gira.

“E eu disse: ‘Pela palavra do poder, dupla na voz do Mestre; pela palavra que é sete, e um em sete; e pela grandiosa e terrível palavra 210, eu te peço, ó meu Senhor, que me conceda a visão de tua Glória.’ E todos os raios da roda afluem para mim e eu sou colhido e cego pela luz. Eu sou pego dentro da roda. Eu sou um com a roda. Eu sou maior que a roda. Em meio a uma miríade de relâmpagos eu permaneço, e contemplo a face dele (sou lançado violentamente de volta à terra a cada segundo, de modo que não consigo absolutamente me concentrar).

“Tudo que se consegue é uma chama líquida de um dourado pálido. Mas sua força radiante se mantém me arremessando para trás.

“E eu digo: Pela palavra e a vontade, pela penitência e a oração, deixa-me contemplar teu rosto (não consigo explicar isto, há confusão de personalidades). Eu que falo a você, vejo o que digo a você; mas eu, que o vejo, não consigo comunicá-lo a mim, quem fala a você.

“Se se fosse capaz de olhar fixamente para o sol ao meio-dia, isto poderia assemelhar-se à substância dele. Mas a luz é sem calor. É a visão de Ut nos Upanishads. E desta visão procederam todas as lendas de Baco e Krishna e Adônis. Pois a impressão é de um jovem dançando e compondo música. Mas você deve entender que ele não está fazendo isso, pois ele está imóvel. Mesmo a mão que gira a roda não é sua mão, mas apenas uma mão energizada por ele.

“E agora é a dança de Shiva. Eu deito abaixo de seus pés, seu santo, sua vítima. Minha forma é a forma do deus Phtah, em minha essência, mas a forma do deus Seb é minha forma. E esta é a razão da existência, que nesta dança que é deleite, tem que haver tanto o deus quanto o adepto. Ademais, a própria terra é uma santa, e o sol e a lua bailam sobre ela, torturando-a deliciosamente.”

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