XVII. A ESTRELA
Esta carta é atribuída à letra Hé, como foi explicado em outra parte. Refere-se ao signo zodíaco do Aquário, o aguadeiro. A ilustração representa Nuit, nossa Senhora das Estrelas. Para a compreensão do significado pleno desta sentença é necessário compreender o primeiro capítulo d’O Livro da Lei.
A figura da deusa é mostrada em manifestação, quer dizer, não como o espaço circundante do céu mostrado no Atu XX, onde ela é a pura idéia filosófica contínua e omniforme. Nesta carta ela é definitivamente personificada como uma figura de aparência humana. É representada segurando duas taças, uma delas dourada, sustentada bem acima de sua cabeça, da qual ela verte água (estas taças se assemelham a seios, como está escrito: “o leite das estrelas de suas tetas; sim, o leite das estrelas de suas tetas”).
O universo é aqui decomposto em seus elementos últimos (é-se tentado a citar da Visão do Lago Pasquaney, “O Nada com cintilações. . . mas que cintilações !”) Atrás da figura da deusa está o globo celeste. Salientando-se em meio ao seus componentes vê-se a Estrela de sete pontas de Vênus, como se declarando que a principal característica de sua natureza é o Amor (ver novamente a descrição no capítulo I, d’O Livro da Lei). Da taça dourada ela verte essa água etérea, que é também leite e azeite e sangue, sobre sua própria cabeça, indicando a eterna renovação das categorias, as possibilidades inesgotáveis da existência.
A mão esquerda, abaixada, segura uma taça prateada, da qual ela também verte a bebida imortal de sua vida (esta bebida é a Amrita dos filósofos indianos, o nepenthe e ambrósia dos gregos, o alkahest e a medicina universal dos alquimistas, o sangue do Graal; ou melhor, o néctar que é a mãe deste sangue. Ela o despeja na junção de terra e água. Esta água é a água do grande Mar de Binah; na manifestação de Nuit num plano inferior ela é a Grande Mãe, pois o Grande Mar está sobre a praia da terra fértil, como representado pelas rosas no canto direito da ilustração. Mas entre mar e terra está o “Abismo” e este é ocultado pelas nuvens que rodopiam como um desenvolvimento do cabelo dela: “... meu cabelo, as árvores da Eternidade”. (AL. I, 59)
No canto esquerdo da ilustração está a estrela de Babalon, o Sigillum da Fraternidade da A. A., pois Babalon é ainda uma outra materialização da idéia original de Nuit; ela é a Mulher Escarlate, a Prostituta sagrada que é a senhora do Atu XI. Desta estrela, atrás da própria esfera celeste brotam os raios encaracolados de luz espiritual. O próprio céu nada mais é que um véu ante a face da deusa imortal.
Percebe-se que toda forma de energia nesta ilustração é espiral. Zoroastro diz: “Deus é ele, tendo a cabeça de um falcão, tendo uma força espiral”. É interessante notar que este oráculo parece antecipar o presente Aeon, o do Senhor de cabeça de falcão, e também da concepção matemática da forma do universo tal como calculada por Einstein e sua escola. É somente na taça inferior que as formas de energia emitidas exibem características retilíneas. Nisto é possível descobrir a doutrina que afirma que a cegueira da humanidade à toda a beleza e maravilha do universo é devida a esta ilusão de retidão. É significativo que Riemann, Bolyai e Lobatchewsky pareçam ter sido os profetas matemáticos da Nova Revelação, pois a geometria euclidiana depende da concepção de linhas retas, e foi somente porque descobriu-se que o postulado paralelo era incapaz de prova que os matemáticos começaram a conceber que a linha reta não tinha verdadeira correspondência com a realidade. *
* A linha reta não é nada mais do que o limite de qualquer curva. Por exemplo, é uma elipse cujos focos estão uma distância “infinita” separados. Aliás, tal uso do calculo é o único modo certo de assegurar a “retidão”.
No primeiro capítulo d’O Livro da Lei, a conclusão tem importância prática. Concede a fórmula decisiva para a obtenção da verdade.
“Eu dou inimagináveis alegrias sobre a terra: certeza, não fé, enquanto em vida, sobre a morte; paz indescritível, descanso, êxtase; e Eu não peço algo em sacrifício.”
“Mas amar-me é melhor que todas as coisas: se sob as estrelas noturnas no deserto tu presentemente queimas meu incenso diante de mim, invocando-me com um coração puro, e a chama da serpente ali, tu virás um pouco a deitar em meu seio. Por um beijo, tu então estarás querendo dar tudo; mas quem quer que dê uma partícula de pó perderá tudo nessa hora. Vós reunireis bens e provisões de mulheres e especiarias; vós vestireis ricas jóias; vós excedereis as nações da terra em esplendor e orgulho; mas sempre no amor de mim, e então vós vireis à minha alegria. Eu vos ordeno seriamente a vir diante de mim num robe único e cobertos com um rico adorno na cabeça. Eu vos amo! Eu anseio por vós! Pálido ou purpúreo, velado ou voluptuoso, Eu, que sou todo prazer e púrpura, e embriaguez no sentido mais íntimo, vos desejo. Colocai as asas e elevai o esplendor enroscado dentro de vós: vinde a mim!
Em todos os meus encontros convosco dirá a sacerdotisa - e seus olhos queimarão com desejo, enquanto ela se mantém nua e regozijante em meu templo secreto - A mim! A mim! estimulando a chama dos corações de todos em seu canto de amor.
Cantai a extasiante canção de amor a mim! Queimai perfumes a mim! Vesti jóias a mim! Bebei a mim, pois eu vos amo! Eu vos amo!
Eu sou a filha de pálpebras azuis do Pôr do Sol; eu sou o brilho nu do voluptuoso céu noturno.
A mim! A mim!
A manifestação de Nuit está por um fim.”
Esta carta é atribuída à letra Hé, como foi explicado em outra parte. Refere-se ao signo zodíaco do Aquário, o aguadeiro. A ilustração representa Nuit, nossa Senhora das Estrelas. Para a compreensão do significado pleno desta sentença é necessário compreender o primeiro capítulo d’O Livro da Lei.
A figura da deusa é mostrada em manifestação, quer dizer, não como o espaço circundante do céu mostrado no Atu XX, onde ela é a pura idéia filosófica contínua e omniforme. Nesta carta ela é definitivamente personificada como uma figura de aparência humana. É representada segurando duas taças, uma delas dourada, sustentada bem acima de sua cabeça, da qual ela verte água (estas taças se assemelham a seios, como está escrito: “o leite das estrelas de suas tetas; sim, o leite das estrelas de suas tetas”).
O universo é aqui decomposto em seus elementos últimos (é-se tentado a citar da Visão do Lago Pasquaney, “O Nada com cintilações. . . mas que cintilações !”) Atrás da figura da deusa está o globo celeste. Salientando-se em meio ao seus componentes vê-se a Estrela de sete pontas de Vênus, como se declarando que a principal característica de sua natureza é o Amor (ver novamente a descrição no capítulo I, d’O Livro da Lei). Da taça dourada ela verte essa água etérea, que é também leite e azeite e sangue, sobre sua própria cabeça, indicando a eterna renovação das categorias, as possibilidades inesgotáveis da existência.
A mão esquerda, abaixada, segura uma taça prateada, da qual ela também verte a bebida imortal de sua vida (esta bebida é a Amrita dos filósofos indianos, o nepenthe e ambrósia dos gregos, o alkahest e a medicina universal dos alquimistas, o sangue do Graal; ou melhor, o néctar que é a mãe deste sangue. Ela o despeja na junção de terra e água. Esta água é a água do grande Mar de Binah; na manifestação de Nuit num plano inferior ela é a Grande Mãe, pois o Grande Mar está sobre a praia da terra fértil, como representado pelas rosas no canto direito da ilustração. Mas entre mar e terra está o “Abismo” e este é ocultado pelas nuvens que rodopiam como um desenvolvimento do cabelo dela: “... meu cabelo, as árvores da Eternidade”. (AL. I, 59)
No canto esquerdo da ilustração está a estrela de Babalon, o Sigillum da Fraternidade da A. A., pois Babalon é ainda uma outra materialização da idéia original de Nuit; ela é a Mulher Escarlate, a Prostituta sagrada que é a senhora do Atu XI. Desta estrela, atrás da própria esfera celeste brotam os raios encaracolados de luz espiritual. O próprio céu nada mais é que um véu ante a face da deusa imortal.
Percebe-se que toda forma de energia nesta ilustração é espiral. Zoroastro diz: “Deus é ele, tendo a cabeça de um falcão, tendo uma força espiral”. É interessante notar que este oráculo parece antecipar o presente Aeon, o do Senhor de cabeça de falcão, e também da concepção matemática da forma do universo tal como calculada por Einstein e sua escola. É somente na taça inferior que as formas de energia emitidas exibem características retilíneas. Nisto é possível descobrir a doutrina que afirma que a cegueira da humanidade à toda a beleza e maravilha do universo é devida a esta ilusão de retidão. É significativo que Riemann, Bolyai e Lobatchewsky pareçam ter sido os profetas matemáticos da Nova Revelação, pois a geometria euclidiana depende da concepção de linhas retas, e foi somente porque descobriu-se que o postulado paralelo era incapaz de prova que os matemáticos começaram a conceber que a linha reta não tinha verdadeira correspondência com a realidade. *
* A linha reta não é nada mais do que o limite de qualquer curva. Por exemplo, é uma elipse cujos focos estão uma distância “infinita” separados. Aliás, tal uso do calculo é o único modo certo de assegurar a “retidão”.
No primeiro capítulo d’O Livro da Lei, a conclusão tem importância prática. Concede a fórmula decisiva para a obtenção da verdade.
“Eu dou inimagináveis alegrias sobre a terra: certeza, não fé, enquanto em vida, sobre a morte; paz indescritível, descanso, êxtase; e Eu não peço algo em sacrifício.”
“Mas amar-me é melhor que todas as coisas: se sob as estrelas noturnas no deserto tu presentemente queimas meu incenso diante de mim, invocando-me com um coração puro, e a chama da serpente ali, tu virás um pouco a deitar em meu seio. Por um beijo, tu então estarás querendo dar tudo; mas quem quer que dê uma partícula de pó perderá tudo nessa hora. Vós reunireis bens e provisões de mulheres e especiarias; vós vestireis ricas jóias; vós excedereis as nações da terra em esplendor e orgulho; mas sempre no amor de mim, e então vós vireis à minha alegria. Eu vos ordeno seriamente a vir diante de mim num robe único e cobertos com um rico adorno na cabeça. Eu vos amo! Eu anseio por vós! Pálido ou purpúreo, velado ou voluptuoso, Eu, que sou todo prazer e púrpura, e embriaguez no sentido mais íntimo, vos desejo. Colocai as asas e elevai o esplendor enroscado dentro de vós: vinde a mim!
Em todos os meus encontros convosco dirá a sacerdotisa - e seus olhos queimarão com desejo, enquanto ela se mantém nua e regozijante em meu templo secreto - A mim! A mim! estimulando a chama dos corações de todos em seu canto de amor.
Cantai a extasiante canção de amor a mim! Queimai perfumes a mim! Vesti jóias a mim! Bebei a mim, pois eu vos amo! Eu vos amo!
Eu sou a filha de pálpebras azuis do Pôr do Sol; eu sou o brilho nu do voluptuoso céu noturno.
A mim! A mim!
A manifestação de Nuit está por um fim.”
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