sábado, 11 de abril de 2009

11- VOLÚPIA


XI. VOLÚPIA

Este trunfo era chamado anteriormente de Força. Mas ele implica em muitíssimo mais do que força no sentido ordinário da palavra. Uma análise técnica mostra que o caminho que corresponde a esta carta não é a força de Geburah, mas a influência proveniente de Chesed sobre Geburah, o caminho equilibrado tanto vertical quanto horizontalmente na Árvore da Vida (ver diagrama). Por esta razão, julgou-se melhor mudar o título tradicional. Volúpia sugere não apenas força, mas inclusive a alegria da força exercida. Trata-se de vigor e do arrebatamento do vigor.

“Saí , ó crianças, sob as estrelas, & tomai vossa fartura de amor!
Eu estou acima de vós e em vós. Meu êxtase está no vosso. Minha alegria é ver vossa alegria.”

“Beleza e força, gargalhada e langor delicioso, força e fogo são de nós.”

“Eu sou a Serpente que dá Conhecimento & Deleite e glória brilhante, e agita o coração dos homens com embriaguez. Para me adorar, tomai vinho e drogas estranhas das quais Eu direi ao meu profeta, & embebedai-vos deles. Eles não vos ferirão em nada. Isto é uma mentira, esta tolice contra o ser. A exposição de inocência é uma mentira. Sê forte, ó homem! deseja, aproveita todas as coisas de sentido e êxtase: não temas que Deus algum te negue por isto.”

“Vede! estes são graves mistérios; pois há também amigos meus que são eremitas. Agora, não penseis em encontrá-los na floresta ou na montanha; mas em camas de púrpura, acariciados por magníficas bestas de mulheres com extensos membros, e fogo e luz em seus olhos, e massas de cabelos em chamas em volta delas: lá vós os encontrareis. Vós os vereis no governo, em exércitos vitoriosos, em toda a alegria; e neles haverá uma alegria um milhão de vezes maior do que esta. Cuidado, para que um não force ao outro, Rei contra Rei! Amai-vos uns aos outros, com corações ardentes; nos homens baixos, pisai no violento ardor de vosso orgulho, no dia da vossa ira.”

“Há uma luz diante de teus olhos, ó profeta, uma luz indesejada, muito desejável.
Eu estou erguido em teu coração; e o beijo das estrelas chove forte sobre teu corpo.
Tu estás exausto na voluptuosa plenitude da inspiração; a expiração é mais doce que a morte, mais rápida e risonha que uma carícia do próprio verme do Inferno!“

Este trunfo é atribuído ao signo do Leão no zodíaco. É o Kerub do fogo e é regido pelo Sol. É a mais poderosa das doze cartas zodiacais e representa a mais crítica de todas as operações mágicas e alquímicas. Representa o ato do casamento original como ocorre na natureza, em oposição à forma mais artificial ilustrada na Atu VI; não há nesta carta nenhuma tentativa de dirigir o curso da operação.

O assunto principal da carta se refere à mais antiga coletânea de lendas ou fábulas. Aqui se faz necessário entrar um pouco na doutrina mágica da sucessão dos Aeons, a qual está ligada à progressão do zodíaco. Assim, o último Aeon, o de Osíris, se refere a Áries e Libra, como o anterior a este, o de Ísis, estava especialmente relacionado aos signos de Peixes e Virgem, enquanto que o presente Aeon, o de Hórus, está vinculado a Aquário e Leão. O mistério central nesse Aeon passado foi o da encarnação; todas as lendas de homens-deuses se fundaram em alguma história simbólica desse tipo. O essencial em todas essas histórias consistia em negar a paternidade humana do herói ou homem-deus. Na maioria dos casos, afirma-se ser o pai um deus sob alguma forma animal, o animal sendo escolhido conforme as qualidades que os criadores do culto desejavam ver reproduzidas na criança.

Assim, Rômulo e Remo foram gêmeos gerados numa virgem pelo deus Marte e foram amamentados por uma loba. Toda a fórmula mágica da cidade de Roma foi fundada sobre isso.

Neste ensaio já foram feitas referências às lendas de Hermes e Dionísio.

Dizia-se que o pai de Gautama Buda era um elefante de seis presas, o qual apareceu a sua mãe num sonho.

Há também a lenda do Espírito Santo sob a forma de uma pomba impregnando a Virgem Maria. Há aqui uma referência à pomba da arca de Noé trazendo boas novas sobre a salvação do mundo das águas ( os moradores da arca são o feto, as águas, o fluido amniótico).

Fábulas similares devem ser encontradas em toda religião do Aeon de Osíris: é a fórmula típica do deus que morre.

Nesta carta, portanto, surge a lenda da mulher e o leão, ou melhor serpente-leão (esta carta é atribuída à letra Teth, que significa serpente).

Os videntes dos primeiros tempos do Aeon de Osíris previram a manifestação deste Aeon vindouro no qual vivemos agora, e eles o encararam com intenso horror e medo, não compreendendo a precessão dos Aeons, e considerando toda mudança como catástrofe. Eis a interpretação real e a razão para as invectivas contra a Besta e a Mulher Escarlate nos capítulos XIII, XVII e XVIII do Apocalipse. Mas na Árvore da Vida o caminho de Gimel, a Lua, descendo do mais alto, corta o caminho de Teth, Leão, a casa do Sol, de modo que a mulher na carta pode ser considerada como um forma da Lua, sumamente iluminada pelo Sol, e intimamente unida a ele de uma tal maneira que produz encarnados sob forma humana o representante ou representantes do Senhor do Aeon.

Ela monta a Besta de maneira escarranchada; na mão esquerda segura as rédeas, que representam paixão que os une. Na mão direita segura nas alturas a taça, o Cálice Sagrado inflamado de amor e morte. Nesta taça estão misturados os elementos do sacramento do Aeon. O Livro das Mentiras devota um capítulo a este símbolo.

A FLOR DE WARATAH


Sete são os véus da dançarina do harém d’ELE.
Sete são os nomes, e sete são as lâmpadas ao lado da cama Dela.
Sete eunucos A guardam com espadas desembainhadas; Nenhum
Homem aproxima-se Dela.
Em seu copo de vinho estão as sete torrentes de sangue dos Sete Espíritos
de Deus.
Sete são as cabeças d’A BESTA na qual Ela Cavalga.
A cabeça de um Anjo: a cabeça de um Santo; a cabeça de um Poeta: a
cabeça de Uma Mulher Adúltera: a cabeça de um Homem Valoroso; a
cabeça de um Sátiro; e a cabeça de um Leão-Serpente.
Sete letras tem Seu mais sagrado nome, que é


-----------------------------(ver figura no original)---------------------



Este é o Selo sobre o Anel que está no Indicador d’ELE: e este é o Selo
sobre as Tumbas daqueles a quem Ela assassinou.
Aqui está sabedoria. Que aquele que tem Compreensão conte o Número
de Nossa Senhora; pois que ele é o Número de uma Mulher; e Seu
Número é
Cento e Cinqüenta e Seis.


Há uma outra descrição em The Vision and the Voice (ver Apêndice).

Há nesta carta uma embriaguez ou êxtase divinos. A mulher é mostrada mais do que um pouco ébria, e mais do que um pouco insana; e o leão está também inflamado de volúpia. Isto significa que o tipo de energia descrito é de ordem criadora primitiva, completamente independente da crítica da razão. Esta carta retrata a vontade do Aeon. Ao fundo vêem-se as imagens lívidas dos santos, sobre as quais esta imagem viaja, pois a vida inteira deles foi absorvida no Cálice Sagrado.

“Agora vós sabereis que o sacerdote & apóstolo escolhido do espaço infinito é o sacerdote-príncipe, a Besta; e em sua mulher, chamada a Mulher Escarlate, está todo o poder dado. Eles reunirão minhas crianças em seu cercado: eles levarão a glória das estrelas para os corações dos homens.
Pois ele é sempre um sol, e ela uma lua. Mas para ele é a chama alada secreta, e para ela a descendente luz estelar.”

Este sacramento é a fórmula físico-mágica para atingir a iniciação, para a realização da Grande Obra. Na alquimia é o processo de destilação operado pelo fermento interno, e a influência do Sol e da Lua.

Atrás das figuras da Besta e sua Noiva existem dez círculos refulgentes; são as Sephiroth latentes e ainda não ordenadas pois todo novo Aeon exige um novo sistema de classificação do universo.

No alto da carta é mostrado um emblema da nova luz com dez chifres da Besta, que são serpentes, enviadas em todas as direções para destruir e recriar o mundo.

Maior estudo desta carta pode ser feito pelo exame rigoroso de Liber XV (v. Magick).

Nenhum comentário:

Postar um comentário