sábado, 11 de abril de 2009

10- FORTUNA


X. FORTUNA

Esta carta é atribuída ao planeta Júpiter, o grande benéfico na astrologia. Corresponde à letra Kaph, * palma da mão, em cujas linhas, de acordo com uma outra tradição, pode-se ler a fortuna. Seria tacanhez pensar em Júpiter como boa fortuna; ele representa o elemento sorte, o fator incalculável.

* Kaph 20, Pé 80 = 100, Qoph, Peixes. As iniciais K Ph são as de kteis e fallos.

Esta carta representa assim o universo em seu aspecto de contínua mudança de estado. Acima, o firmamento de estrelas, as quais aparecem sob forma distorcida embora estejam equilibradas, algumas brilhantes e algumas escuras. Delas, através do firmamento, brotam raios que o agitam transformando-o numa massa de penachos de cores azul e violeta. No meio de tudo isso está suspensa uma roda de dez raios, de acordo com o número das Sephiroth e da esfera de Malkuth, indicando o governo dos assuntos físicos.

Sobre essa roda estão três figuras: a esfinge com a espada, Hermanúbis e Tífon. Eles simbolizam as três formas de energia que governam o movimento fenomênico.

A natureza dessas qualidades requer uma descrição cuidadosa. No sistema hindu há três Gunas - Sattvas, Rajas e Tamas. A palavra Gunas é intraduzível. Não é bem um elemento, uma qualidade, uma forma de energia, uma fase ou um potencial: todas estas idéias entram nela. Todas as qualidades que podem ser predicadas de alguma coisa podem ser atribuídas a um ou mais dessas Gunas. Tamas é trevas, inércia, indolência, ignorância, morte e similares; Rajas é energia, excitação, fogo, brilho, agitação; Sattvas é calma, inteligência, lucidez e equilíbrio. Correspondem às três principais castas hindus.

Um dos mais importantes aforismos da filosofia hindu é: “as Gunas giram”. Isto significa que de acordo com a doutrina da mudança contínua nada é capaz de permanecer em qualquer fase em que uma dessas Gunas é predominante; não importa quão densa e inerte essa coisa possa ser, um tempo virá no qual começará a agitar-se. O fim e a recompensa do esforço é um estado de lúcida quietude, o qual, entretanto, tende por fim a se afundar na inércia original.

As Gunas são representadas na filosofia européia pelas três qualidades, enxofre, mercúrio e sal, já retratadas nos Atus I, III e IV. Mas nesta carta a atribuição é um tanto diferente. A esfinge é composta dos quatro Kerubs exibidos no Atu V, o touro, o leão, a águia e o homem. Estes correspondem, adicionalmente, às quatro virtudes mágicas: saber, querer, ousar e manter silêncio. * Esta esfinge representa o elemento enxofre e é exaltada, temporariamente, sobre o cimo da roda. Está armada de uma espada curta de tipo romano, segura ereta entre as patas do leão.

* Estes são os quatro elementos, somados a um quinto, espírito, para formar o pentagrama, e a virtude mágica correspondente é Ire, ir. “Ir “ é o sinal da divindade, como explicado em referência à correia de sandália ou Ankh, a crux ansata, que por sua vez, é idêntica ao símbolo astrológico de Vênus, compreendendo as dez Sephiroth (ver diagrama).

Subindo o lado esquerdo da roda vê-se Hermanúbis, que representa o mercúrio alquímico. Ele é um deus composto, mas o elemento símio predomina nele.

Do lado direito, precipitando-se para baixo, vê-se Tífon, que representa o elemento sal. Contudo, nestas figuras há também um certo grau de complexidade pois Tífon era um monstro do mundo primitivo que personificava o poder destrutivo e a fúria de vulcões e tufões. Na lenda, ele tentou lograr suprema autoridade tanto sobre deuses quanto seres humanos, mas Zeus o destruiu mediante um raio. Dizia-se ser ele o pai dos ventos tempestuosos, quentes e venenosos, e também das harpias. Mas esta carta, como o Atu XVI pode também ser interpretada como uma unidade de suprema realização e deleite. Os raios que destróem, também geram; e a roda pode ser considerada como o olho de Shiva, cuja abertura aniquila o universo, ou como uma roda sobre o Carro de Jaganath, cujos devotos atingem a perfeição no momento em que ela os esmaga.

Uma descrição desta carta tal como aparece em The Vision and the Voice, com certos significados interiores, é dada num Apêndice.

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