quarta-feira, 17 de junho de 2009

Conde Cagliostro.


Conde Cagliostro.


Uma das encarnações do VM Samael foi na Áustria, antes deste Mestre iniciar seu trabalho público como Avatara da Era Aquárius. Um dos casos insólitos ocorridos nessa encarnação de Samael foi seu encontro com o Grande Mestre dos Raios da Política Mundial e Egípcio-Rosacruz, e Mestre de Mistérios Maiores, Cagliostro. Samael nos relata essa experiência, a qual foi importante para a total revolução de seu trabalho espiritual particular..
Caminhando um dia qualquer, pelas ruas de Viena, encontrou-se cara a cara com o Conde Cagliostro e este, ao vê-lo, reconheceu naquele homem ninguém menos que o bodhisatva do 5º Anjo do Apocalipse, o Gênio de Marte, Samael. O conde, assombrado, tomou a palavra para recriminar ao bodhisatva (ainda não auto-assumido, com dificuldades de se Levantar), e, entre outras coisas, Cagliostro disse:
"Sabes quem és?"

Ao qual o Mestre respondeu:
"Perfeitamente, sou o bodhisatva do Anjo Samael..."
"E você não sente vergonha de andar assim?" –- replicou Cagliostro.
"Já me levantarei, já me levantarei!" – foram as últimas palavras que brotaram d'Aquele que ainda era um bodhisatva de capa caída.
Ato seguido, o Conde Cagliostro lhe entregou um pequeno cartão pessoal e convidou o bodhisatva Samael a que o visitasse no dia seguinte em seu castelo particular, no qual vivia o enigmático conde.
No dia seguinte, encaminhou-se rumo ao castelo e bateu na porta de entrada. Rapidamente, apareceu o mordomo, o qual inquiriu o bodhisatva sobre o motivo de sua visita.
– Estou aqui para ver o senhor conde Cagliostro. Este é seu cartão, me foi dado por ele!
Seguidamente, o mordomo subiu as escadas que davam na parte superior do castelo e regressou com ordens de levar o visitante até a recâmara do conde. Uma vez ante a presença do venerável conde, o jovem bodhisatva foi convidado a sentar-se e, segundo palavras do próprio Mestre Samael, ali estava Cagliostro jogando talco em uma de suas perucas, que tanto foram utilizadas entre os séculos 13 e 18.
O nobre conde, dizia o Mestre, estava usando um jaleco com botões de ouro puro e seus sapatos tinham cordões cujas pontas eram de diamante. O quarto onde estavam dialogando era todo na cor violeta. Tudo, desde a cama, os adornos do espelho principal, o papel de parede, tudo...
A finalidade daquela conversa transcendental eram as advertências de Cagliostro para que Samael assumisse de vez sua fantástica missão, pois o mundo e sua humanidade necessitavam da Força Liberadora de Deus

Alessandro, Conde Cagliostro, (Palermo, Itália, 2 de Junho de 1743 – † Montefeltro, Itália, 26 de Agosto de 1795) foi um viajante, ocultista, alquimista, curandeiro e maçom do século XVIII.

Há quem associe o nome Cagliostro a Giuseppe Balsamo, embora esse facto não esteja provado.
Bem cedo, perdeu o pai e, em razão das dificuldades financeiras de sua mãe, foi mandado para viver com um tio. Após uma malograda tentativa de fuga, foi internado em seminário e, posteriormente, em um monastério beneditino..
Apesar de tudo, foi um bom aluno e aprendeu as coisas básicas a ele ensinadas. Após vários anos, fugiu novamente e se juntou a um bando de vagabundos errantes, que cometiam crimes, incluindo assassinatos. Foi preso várias vezes, por conta de sua associação com esses bandidos.
Alquimia
Giuseppe, ou Alessandro, nasceu de sangue mouro e siciliano, tendo crescido num dos bairros mais árabes de Palermo, a antiga Al-Gadida. Aos 17 anos, ter-se-á passado a interessar pela alquimia, associando-se a um ourives, chamado Marano, que acabara de chegar a Palermo. Marano conhecera muitos alquimistas que se diziam capazes de transmutar metais mas, após algum tempo, convencido pelo espírito envolvente de Cagliostro, passou a acreditar que o mesmo tinha tal poder. Cagliostro, percebendo que Marano acreditava em si, pediu uma soma considerável de 60 onças de ouro, a fim de realizar uma cerimônia mágica que mostraria para Marano a localização de um grande tesouro, escondido perto da cidade. Com certa hesitação, Marano deu o ouro a Cagliostro e, à meia noite, foi conduzido para um campo, distante da cidade. Neste local Marano foi atacado e roubado por Cagliostro e alguns bandidos, que o mesmo arregimentara. Cagliostro deixou Palermo e começou sua viagem pelo mundo.
Cagliostro viajou por todo o mundo, conhecendo o Egito, Grécia, Pérsia, Rodes, Índia e Etiópia, estudando o ocultismo e a alquimia. Em 1768, Cagliostro retornou à Itália, mas precisamente para Nápoles, onde encontrou os mesmos bandidos que o ajudaram a atacar Marano. Passaram a administrar um cassino que trapaceava os incautos. As autoridades descobriram essas operações e expulsaram á todos da cidade. Cagliostro foi então para Roma, onde se estabeleceu como médico, levando uma vida abastada. Casou-se com Lorenza Feliciani, mas conhecida por Serafina. O casal viveu em Roma por algum tempo até que a Inquisição começou a suspeitar de Cagliostro por heresia. O casal fugiu para a Espanha e, posteriormente, retornaram à Palermo, onde Cagliostro foi preso, após queixa de Marano. Cagliostro foi salvo por um nobre e, depois de ludibriar um alquimista, roubando-lhe 100.000 coroas (por volta de US$1 milhão), fugiu para a Inglaterra em 1760, alardeando ter descoberto um grande segredo alquímico.
Cagliostro conheceu o Conde de St. Germain em Londres, que o iniciou nos rituais ocultistas do antigo Egito e lhe ensinou a fórmula das poções da junventude e da imortalidade. Após fundar lojas maçônicas, baseadas em rituais egípcios, na Inglaterra, Alemanha, Rússia e França. Cagliostro foi para Paris em 1772, onde passou a vender elixires médicos. O rei Luís XVI se interessou por Cagliostro, que passou a entreter a corte real com suas mágicas e contos. Por muitos anos Cagliostro foi um dos favoritos da corte francesa, até se envolver no famoso Caso do colar da Rainha (ou Caso do colar de diamantes), um dos principais eventos que levaram ao início da Revolução Francesa em 1789. Graças ao seu envolvimento nesse escândalo, Cagliostro foi encarcerado na Bastilha por seis meses e depois expulso da França.

Foi então novamente para Roma em 1789 onde praticou sua medicina e tentou fundar, após muitos anos, uma lojas maçônicas, , nos moldes das outras que já havia originado. Foi preso pela Inquisição em 1791 no Castelo Sant'Ângelo, acusado de heresia, bruxaria e prática ilegal da maçonaria. Após 18 meses de deliberações a Inquisição sentenciou Cagliostro à morte, pena que foi trocada, posteriormente, pelo Papa, por uma sentença de prisão perpétua. Cagliostro tentou fugir, mas foi preso novamente e transferido para a solitária no castelo de São Leo, perto da cidade de Montefeltro, onde ele morreu em 26 de agosto de 1795. A notícia de sua morte não foi acreditada por toda a Europa e, somente quando Napoleão fez um relato pessoal do acontecido, Cagliostro foi aceito como morto de fato.
Cagliostro é considerado uma das maiores figuras do ocultismo, apesar de tachado por muitos de um simples charlatão. Muitas histórias surgiram a seu respeito, o que serviu apenas para obscurecer os verdadeiros fatos de sua vida.


Nasci no ano de 1748, em Malta, de uma família cristã nobre e desconhecida, com o nome de Alessandro.
Fiquei órfão aos três meses e fui criado na Arábia sob a tutela do ancião Alphotas, que era um poliglota versado em diversos ramos da filosofia, ciências ocultas e artes transcendentes. Na companhia de meu tutor Alphotas, visitei o Egito, (onde conheci a grande pirâmide), a Ilha de Rodes, vários outros países e retornei a Ilha de Malta, onde em 1766, perdi o meu amado tutor, que antes de falecer, se despidiu de mim, dizendo: "Meu filho, conserva sempre diante de teus olhos o temor a Deus e o amor a teu próximo, breve te convencerás por experiência própria da verdade de tudo o que aprendeste de mim".
Em 1770, conheci a encantadora Serafina Feliciana, com quem me casei e após anos de vida conjugal cheguei a conclusão que eles serviram apenas para intensificar a nossa mútua afeição e dedicação.
Fui iniciado nos antigos Mistérios Egípcios pelo Conde de Saint Germain, chegando a criar em Lyon, o Rito Egípcio, e alí fundei a "Loja Sabedoria Triunfante".
Em 10 de maio de 1785, em Paris, proferi uma conferência pública, que foi muito supreendente, não só pelos meus profundos conhecimentos, como também pelo tom profético que utulizei, vaticinando tenebrosos dias que se avizinhavam rapidamente da França, sem saber que essa conferência abalaria e excitaria profundamente os poderosos setores clericais e políticos, bem como inflamaria a voraz chama de persiguições que desde então em acompanharam, onde fui acusado de estar envolvido no roubo do Colar da Rainha.
Em 27 de dezembro de 1789 fui citado perante a Inquisição pela congregação do Santo Ofício, "por haver incorrido nas censuras e penas pronunciadas contra os heréticos formais, os dogmatizantes, os heresiarcas e os mestres e discípulos da magia superticiosa", fui condenado à morte em 07 de abril de 1791, tendo o Papa comutado a pena para prisão perpétua.

“Eu não sou de época alguma nem de lugar algum; fora do tempo e do espaço, o meu ser espiritual vive a sua eterna existência, e , se mergulho no meu pensamento remontando o curso das idades, se estendo o meu espírito para um modo de existência afastado daquele que percebeis, tornei-me aquele que desejo.
Participando conscientemente do ser absoluto, regulo a minha ação conforme o meio que me rodeia. Meu nome é o da minha função e o escolho, assim como à minha função, porque sou livre; meu país é aquele onde fixo momentaneamente meus passos.
Datai-vos de ontem, se o quiserdes, realçando-vos com anos vividos por ancestrais que vos foram estranhos, ou de amanhã pelo orgulho de uma grandeza que não será quiçá nunca vossa;
eu sou, aquele que foi, que é, e que sempre será...
Todos os homens são os meus irmãos;
Todos os países me são caros...
Como o vento Sul, como a brilhante luz do Meio-dia que caracteriza o pleno conhecimento das coisas, e a comunhão ativa com Deus, venho do Norte, para a bruma e o frio, abandonando por onde quer que passe algumas parcelas de mim mesmo, gastando-me, diminuindo-me em cada demora, mas deixando-vos um pouco de caridade, um pouco de calor, um pouco de força, até que eu esteja finalmente detido e fixado definitivamente ao têrmo da minha jornada, à hora em que a rosa florescer sobre a cruz.
Eu sou Cagliostro.”
(Conde A. Cagliostro - 1786)

O mistério envolve os homens que passam suas vidas a serviço da humanidade e mantêm-se extremamente dedicados somente aos seus superiores. Os padrões de julgamento social e a moralidade convencional não podem ser separados de seus caracteres. O mistério que envolve Alessandro, Count di Cagliostro, foi montado por boatos e calúnias sem fundamento a uma tal extensão que, “Sua história aceita é muito bem conhecida para precisar ser repetida, e sua verdadeira história nunca foi contada”. A pesquisa conscienciosa tem dissipado as nuvens dos boatos e da difamação o suficiente para revelar à análise imparcial uma vida nobre permeada com sabedoria e envolvida pela compaixão.
“Não posso”, testemunhou Cagliostro, “falar positivamente com relação ao lugar onde nasci, nem dos pais de quem nasci”. Seus inimigos diziam que ele era José Balsamo, um famoso aventureiro e criminoso da Sicília, mas suas palavras e atos negam essa identificação. Ninguém que reconhecesse Balsamo veio a público para estabelecer a relação. De acordo com o próprio Cagliostro, ele viveu como uma criança chamada Acharat no palácio do Mufti Salahayyam em Medina. Seu governador, um Adepto Oriental chamado Althotas, disse-lhe que ele nascera de nobres pais cristãos, porém se recusou a falar mais. Referências casuais, contudo, levaram Cagliostro a acreditar que ele nascera em Malta. Althotas tratava-o como um filho e cultivava sua aptidão para as ciências, especialmente botânica e química. Cagliostro aprendeu a respeitar a religião e a lei em cada cultura e região. “Ambos nos vestimos como Maometanos e estamos externamente de acordo com a devoção do Islam, mas a verdadeira religião foi impressa em nossos corações”. Quando criança, aprendeu os idiomas árabe e orientais e também muito sobre o Egito antigo.
Aos doze anos, Althotas levou-o a Mecca, onde permaneceram por três anos. Quando Acharat encontrou o Sharif, ambos imediatamente sentiram uma forte ligação e choraram na presença um do outro. Embora passassem muito tempo juntos, o Sharif recusou-se a discutir a origem de Acharat, embora uma vez o tivesse avisado de que “se algum dia eu deixasse Mecca, estaria ameaçado com as maiores infelicidades, e acima de tudo ordenou-me cautela com a cidade de Trebizond”. A uniformidade da vida no palácio falhou em saciar a sede por conhecimento e experiência de Acharat e a tempo ele decidiu ir para o Egito com Althotas. Na hora da partida, o Sharif despediu-se dele chorando, com as palavras, “Filho infeliz da natureza, adeus”.
No Egito, ele aprendeu que as pirâmides continham segredos desconhecidos pelo turista. Foi admitido pelos sacerdotes do templo “a lugares tais, que nenhum outro viajante comum jamais havia entrado antes”. Após três anos de viagem “pelos principais reinos da África e da Ásia”, ele chegou a Rhodes em 1766, onde pegou um navio francês para Malta. Enquanto estava hospedado no palácio de Pinto, Grão Mestre de Malta, o Cavalheiro d’Aquino de Caramanica apresentou-o à ilha. “Foi aqui que eu pela primeira vez assumi o modo de vestir Europeu e com ele o nome de Conde Cagliostro”. Althotas apareceu com a roupa e a insígnia da Ordem de Malta.
“Tenho todas as razões para acreditar que o Grão Mestre Pinto estava familiarizado com minha verdadeira origem. Freqüentemente me falava do Sharif e mencionava a cidade de Trebizond, porém jamais consentiria em entrar em outros detalhes particulares sobre o assunto.”
Com base nesta referência, alguém especulou que Cagliostro era o filho do Grão Mestre Pinto e uma nobre senhora de Trebizond, mas Cagliostro, ele mesmo, jamais expressou esta opinião. Enquanto ainda em Malta, Althotas faleceu. Minutos antes de sua passagem, ele declarou a Cagliostro: “Meu filho, conserve para sempre diante de seus olhos o temor a Deus e o amor de suas pequenas criaturas; logo você estará convencido, pela experiência, de tudo aquilo que tenho lhe ensinado”.
Com a permissão relutante do Grão Mestre, Cagliostro deixou Malta na companhia do Cavalheiro d’Aquino para a Sicília, as Ilhas Gregas, e finalmente, Nápoles, o lugar natal do Cavalheiro. Enquanto o Cavalheiro se ocupava com assuntos pessoais, Cagliostro prosseguiu para Roma. Retirou-se para um apartamento para melhorar seu italiano, mas logo o cardeal Orsini solicitou sua presença e, através dele, conheceu vários cardeais e príncipes romanos.
Em 1770, com a idade de vinte e dois anos, ele conheceu e se apaixonou por Seraphina Feliciani. Embora ela fosse a dona do seu amor e devoção pelo resto de suas vidas, ela nunca foi capaz de totalmente romper com a Igreja e seria usada como “a ferramenta dos Jesuítas”. Aconteceu que a natureza de Cagliostro, boa ao extremo, e a total confiança que colocava em seus amigos foram a causa de seus desapontamentos. A generosidade de Cagliostro logo esgotou suas fontes e o casal foi desfeito quando viajavam para visitar amigos em Piemonte e Genova. Mas em julho de 1776, quando chegaram a Londres, estavam outra vez em boas situação, porém a causa de seu progresso fica, como sempre, perdida em mistério.
Eles se hospedaram e logo atraíram admiradores, ainda que ninguém tivesse certeza de onde se originavam, ou qual era seu itinerário recente. Um laboratório foi montado num aposento para estudos de Física e Química. A grande generosidade de Cagliostro levou um grupo de impostores gananciosos a tentar trapaceá-lo através de processos legais que exigiam dinheiro, acusando-o de praticar bruxaria. Esta última acusação foi retirada imediatamente, mas uma coalizão de advogados e juízes desonestos arrancaram-lhe cada centavo que puderam antes que o Conde ficasse livre de suas intrigas. Suas intenções ficaram evidentes pelo fato de que, finalmente, todos eles, de alguma forma, morreram na prisão ou foram executados por fraude, perjúrio e outros crimes. Cagliostro recusou a oportunidade de propor recursos reparatórios, mas decidiu deixar a Inglaterra.



Antes da partida, contudo, tanto ele como a condessa foram admitidos na Loja Esperança da ordem da Estrita Observância. Seu lema era “União, Silêncio, Virtude”, seu trabalho filantropia e seu estudo, ocultismo. Através desta Ordem, Cagliostro espalharia a Maçonaria Egípcia por toda a Europa. Deixando Londres em Novembro de 1777 com apenas cinqüenta guinéus, viajou para Bruxelas “onde encontrei a Providência esperando que enchesse meu bolso outra vez”. Esta é sempre a história de Cagliostro. Quando ele aparece na história, ele tem tudo, não pede nada e deixa tudo generosamente.
Veio para Hague, onde foi recebido como um Franco-maçom pela loja local da Ordem da Estrita Observância. Seu discurso sobre Maçonaria Egípcia, a mãe do puro impulso Maçônico, motivou a Loja a adotar o Rito Egípcio tanto para homens como para mulheres. A Condessa Cagliostro foi instalada como Grã-Mestra. Aqui emergiu a missão de Cagliostro de purificar, restaurar e elevar a Maçonaria ao nível de verdadeiro ocultismo. Esta tarefa comanda o centro das atenções pelo do resto de sua vida. Como suas numerosas profecias sobre grandes e pequenos assuntos indicavam, ele tinha uma visão clara da iminente arrancada da ordem social, política e religiosa da Europa. Ele antevia que somente nas Lojas unificadas os servidores dos homens sábios do Oriente poderiam, poderiam atuar junto tanto os nobres e os homens comuns em mútua lealdade aos mais altos ideais e guiar a Europa através da transição em direção a uma era iluminada.

Ao passar por Nuremberg, ele trocou sinais secretos com um Franco-Maçom, hospedando-se no mesmo hotel. Quando indagado quem era, Cagliostro desenhou num papel a serpente mordendo sua cauda. O hóspede, imediatamente, reconheceu um grande ser numa missão importante e, tirando um rico anel de diamante de sua mão, investiu-o em Cagliostro. Quando ele chegou a Leipzig, a Ordem estava preparada para homenageá-lo com um lauto banquete preparado para um dignitário visitante, mas havia chegado a época de ser colocada a Maçonaria Egípcia em sua verdadeira perspectiva. Após o jantar, Cagliostro fez um discurso sobre o sistema e seu significado.. Ele convocou os Maçons reunidos para adotarem o Rito, porém a direção da Loja hesitou. Cagliostro avisou que o momento da escolha para Maçonaria havia chegado e profetizou que a vida do chefe – Herr Scieffort – estava na balança: se a Maçonaria Egípcia não fosse abraçada, Scieffort não sobreviveria durante aquele mês. Scieffort recusou a aceitar modificações em sua Loja, e cometeu suicídio poucos dias depois. Abalados e intrigados, os membros da Loja aclamaram Cagliostro, e seu nome foi ouvido pela cidade.. Enquanto ele continuava a viagem, as Lojas da Ordem da Estrita Observância calorosamente lhe davam boas vindas.
Seguiu para Mittau, capital de Duchy de Courland e centro de estudos ocultos, ali chegando em março de 1791. Cagliostro explicou o significado da Maçonaria Egípcia em termos de regeneração moral da humanidade. Embora o homem tenha conhecido a natureza da deidade e o mundo, os profetas, apóstolos e padres da Igreja apropriaram-se deste conhecimento para seus próprios fins. A Maçonaria Egípcia continha as verdades que poderiam restaurar este conhecimento numa humanidade renovada. O Marechal Von Medem e sua família convidaram Cagliostro para ficar em Courland e apresentaram-no às pessoas de influência. O longo interesse de Von Medem pela alquimia logo se voltou para outros fenômenos, e ele pediu insistentemente a Cagliostro que demonstrasse os poderes que, segundo boatos, ele possuía. A princípio relutante, ele finalmente produziu uma quantidade de fenômenos, além suas curas medicinais universalmente aclamadas.
Cagliostro agora deixou que soubessem que ele era o Grande Cophta da Loja, um sucessor na linhagem de Enoch, e que ele, obedientemente, recebia ordens de “seus chefes”. Infelizmente, a vontade de apoiar a Maçonaria Egípcia alimentava-se da insaciável fome por mais fenômenos. Cagliostro mostrou seus poderes em numerosas ocasiões, mas recusava-se a ser empurrado para um mercado atacadista de milagres. E pela primeira vez ele se viu chamado de impostor, quando não atendia aos pedidos.
“O espiritismo nas mãos de um Adepto se torna magia”, H.P.Blavatsky escreveu, “pois ele é versado na arte de entremesclar as leis do Universo, sem quebrar nenhuma delas e sem por isso violar a natureza”. Ela disse que homens tais como Mesmer e Cagliostro “controlam os Espíritos, em vez de permitir que seus assuntos sejam controlados por eles; e o Espiritismo está a salvo nas suas mãos”. Mas, Cagliostro explicou, tais poderes eram para serem usados para o bem do mundo e não para a gratificação da curiosidade ociosa.
Ele decidiu ir para São Petersburg, onde foi aceito na Loja e inúmeras curas foram testemunhadas, mas não receberam com calor a idéia da Maçonaria Egípcia. Recusando-se a produzir os fenômenos, pensaram que era um curador, não um mago.
Varsóvia respondeu melhor, contudo. Lá ele encontrou o Conde Moczinski e o Príncipe Adam Poninski, que insistiu com Cagliostro para ficar em sua casa. Ele aceitou a Maçonaria Egípcia e uma grande parte da sociedade polonesa o seguiu. Dentro de um mês, uma Loja para o Rito Egípcio foi fundada. Em 1780 ele foi recebido em várias ocasiões pelo Rei Stanislaw Augustus. Descreveu o passado e predisse o futuro de uma senhora da Corte que duvidou de seus poderes. Ela, imediatamente, atestou o passado, enquanto a história provou a verdade no futuro.
Cagliostro deixou Varsóvia em 26 de junho e não foi visto até 19 de setembro, quando chegou a Strasburgo. Multidões aguardavam na Ponte de Keehl para ver sua carruagem e ele foi aclamado quando entrou na cidade. Imediatamente, começou a atender aos pobres, libertando devedores da prisão, curando os doentes e fornecendo remédios gratuitamente. Tanto os amigos quanto os inimigos concordavam que Cagliostro se recusava a receber qualquer remuneração ou benefício por seus incansáveis trabalhos. Embora a nobreza se tornasse interessada, ele se recusava a produzir fenômenos, salvo em seus próprios e estritos termos. Logo ficou íntimo do Cardeal de Rohan, para quem ele previu a hora exata da morte da Imperatriz Maria Theresa. O cardeal convidou-o a se hospedar em seu palácio e mais tarde declarou que ele havia testemunhado em várias ocasiões Cagliostro produzir ouro num vaso alquímico. “Posso dizer-lhe com certeza”, ele insistiu com uma senhora que duvidava da habilidade de Cagliostro, “que ele nunca pediu ou recebeu qualquer coisa de mim”.
O General Laborde escreveu que nos três anos que Cagliostro viveu em Strasburgo ele atendeu quinze mil pessoas doentes, das quais apenas três morreram. Sua reputação foi confirmada quando ele salvou o Marquês de Lasalle, Comandante de Strasburgo, de um caso desesperador de gangrena. Durante este período, o primo do Cardeal, Príncipe de Soubise, adoeceu em Paris. Os médicos não lhe deram nenhuma esperança de cura e o Cardeal, alarmado, suplicou a ajuda de Cagliostro. Este viajou incógnito a Paris com o Cardeal, e o Príncipe recuperou a saúde em uma semana. Somente após a cura foi sua identidade anunciada, para espanto da faculdade de medicina parisiense.
Quando estava em Strasburgo, Cagliostro recebeu a visita de Lavater, o fisiognomonista de Zurique, que indagou acerca da fonte do grande conhecimento de Cagliostro. “In verbis, in herbis, in lapidibus”, ele respondeu, sugerindo três grandes tratados de Paracelso.
Foi naquela época que Cagliostro foi tocado pela condição de pobreza de um homem chamado Sacchi e empregou-o em seu hospital. No espaço de uma semana, Cagliostro descobriu que o homem era um espião de alguns médicos invejosos e havia extorquido dinheiro de seus pacientes a fim de torná-lo desacreditado. Posto para fora do hospital, Sacchi ameaçou a vida de Cagliostro e foi imediatamente expulso de Strasburgo pelo Marquês de Lasalle. Sacchi inventou e publicou uma história difamatória na qual afirmava que Cagliostro era um filho criminoso de um cocheiro napolitano. Esse absurdo estava destinado a ser usado contra Cagliostro pelo resto de sua vida.
O Cardeal de Rohan, que havia instalado um busto de Cagliostro talhado pelo escultor Houdon em seu estúdio em Saverne, surgiu em sua defesa. Três cartas chegaram em março de 1783 da Corte de Versalhes, para o Real Baylor de Strasburgo. A primeira, do Conde de Vergennes, Ministro dos Negócios Estrangeiros, dizia: “O Sr. Di Cagliostro pede apenas por paz e segurança. A hospitalidade lhe assegura ambas. Conhecendo as inclinações naturais de V.S., estou convencido de que se apressará a cuidar para que desfrute de todos os benefícios e amenidades que ele pessoalmente merece”. A segunda veio do Marquês de Miromesnil, Guardador do Selo: “O Conde di Cagliostro tem estado comprometido ativamente no auxílio dos pobres e infelizes, e sou conhecedor de um fato notavelmente humanitário desempenhado por esse estrangeiro, que merece lhe seja garantida proteção especial”. A terceira, do Marechal de Segur, Ministro da Guerra, dizia: “O Rei encarrega V.S. que cuide não somente de que ele não seja atormentado em Strasburgo, como também que deva receber nessa cidade toda consideração totalmente merecida pelos serviços que tem prestado aos doentes e aos pobres”.
Em junho chegou uma carta de Nápoles, informando-lhe de que o Cavalheiro d'Aquino, seu companheiro em Malta, estava seriamente doente. Apressou-se a ir para Nápoles, apenas para encontrar o Cavalheiro morto. A Loja União Perfeita saudou-o com homenagens e ali ficou por vários meses, já que o governo napolitano tinha acabado de remover o banimento da Franco-Maçonaria. Bordeaux convidou-o a ir para lá, e ele decidiu assim fazer, viajando em lentas etapas.
O Conde de Saint-Martin já havia preparado terreno em Bordeaux e Lyons para instituir o Rito Retificado de Saint-Martin, que havia purificado e enobrecido a idéia da Maçonaria. O Duque de Crillon e Marechal de Mouchy pessoalmente lhe deram as boas vindas, mostrando-lhe a cidade e homenageando-o em banquetes. Os pobres afluíam até ele e eram curados. Em Bordeaux, Cagliostro teve um sonho no qual era levado a uma brilhante câmara, na qual sacerdotes egípcios e nobres Maçons estavam sentados. “Esta é a recompensa que você terá no futuro”, uma grande voz anunciou, “mas por enquanto você deve trabalhar ainda com mais diligência” Havia chegado o tempo de enraizar firmemente a Maçonaria Egípcia.
Alquier, Grão Mestre em Lyons, chefiou um grupo de delegações solicitando que ele se estabelecesse ali permanentemente. Aceito com toda a cerimônia dentro da Loja Lyons, foi convidado a fundar uma Loja para a Maçonaria Egípcia. Uma captação feita entre Maçons forneceu fundos para construírem um belo prédio, de acordo com as instruções de Cagliostro. Logo teve início a construção da Loja da Sabedoria Triunfante, a qual foi a Loja Mãe de todos os Maçons Egípcios, e a Cagliostro foi dado completo gerenciamento da Loja de Alquier.
Cagliostro instruiu seus novos discípulos a se retirarem em meditação por três horas diariamente, pois o conhecimento é adquirido pelo “preenchimento de nossos corações e mentes com a grandeza, a sabedoria e o poder da divindade, aproximando-nos dela através de nosso fervor”. Cada um deve cultivar a tolerância por todas as religiões, uma vez que existe a verdade universal em seus âmagos; segredo, porque é o poder da meditação e a chave da iniciação; e o respeito pela natureza, pois ela contém o mistério do divino. Com estas três diretrizes como base, o discípulo poderia esperar pela imortalidade espiritual e moral. A motivação que deverá estar sempre em mente é “Qui agnoscit mortem, cognoscit artem” – aquele que tem conhecimento sobre a morte, conhece a arte de dominá-la.
Tendo estabelecido a Maçonaria Egípcia sobre as firmes fundações erigidas por Saint-Martin, Cagliostro não estava destinado a testemunhar seu florescimento no grande templo para ela construído. O Cardeal de Rohan insistiu com veemência que ele viesse a Paris. A Ordem dos Philaléthes tinha organizado a Convenção Geral da Maçonaria Universal. Maçons proeminentes de todas as Lojas da Europa tinham vindo para a primeira assembléia realizada em novembro de 1784. Mesmer e Saint-Martin foram convidados. Agora era a chance para a bênção final do Rito Egípcio – “onde A Sabedoria triunfará” – fosse confirmada. Cagliostro decidiu ir em janeiro de 1785.. Deixando os negócios da Loja em ordem, ele escolheu os oficiais permanentes e lembrou-lhes de seus compromissos.
“Nós, os Grandes Cophtas, fundadores e Grão Mestres da Suprema Maçonaria Egípcia em todas as quadrantes orientais e ocidentais do globo, damos ciência a todos aqueles que verão o que está aqui presente,que em nossa estada em Lyons muitos membros deste Oriente que seguem o rito ordinário, e que carregam o título de “Sabedoria”, tendo manifestado a nós seu ardente desejo de se submeterem ao nosso governo e de receberem de nós a iluminação e os poderes necessários para conhecerem e propagarem a Maçonaria em sua verdadeira forma e pureza original, atendemos aos seus pedidos, persuadidos de que, aos lhes fornecermos sinais de nossa boa vontade, conheceremos a grata satisfação de termos trabalhado para a glória do Eterno e para o bem da humanidade.”
“Em aditamento, instruímos cada um dos irmãos que andem constantemente no estreito caminho da virtude e que mostre, pela propriedade desta conduta, que conhecem e amam os preceitos e o propósito de nossa Ordem.”
Quando Cagliostro chegou a Paris, tentou viver uma vida retirada, de modo a trabalhar pela união das Ordens Maçônicas. Mas os doentes irromperam em sua casa e ele outra vez passou longas horas curando-os. Panfletos surgiram por toda Europa com um retrato do divino Cagliostro, desenhado por Bartolozzi, sob o qual se escreveram as seguintes palavras:
“Reconheçam as marcas do amigo da humanidade. Cada dia é marcado por novo benefício. Ele prolonga a vida e socorre o indigente, o prazer de ser útil é sua única recompensa.”
Cagliostro veio para auxiliar o progresso da Maçonaria Egípcia. Rapidamente fundou duas Lojas. Savalette de Langes convidou-o a se unir à Philaléthes, junto com Saint-Martin. Este último recusou, com base em que a Ordem seguia práticas espíritas, porém Cagliostro aceitou provisoriamente, e declarou sua missão:
“O desconhecido Grão Mestre da verdadeira Maçonaria lançou seus olhos sobre os Philalétheanos... Tocado pelo sincero reconhecimento de seus desejos, ele se digna estender sua mão sobre eles, e consente em conceder-lhes um raio de luz dentro da escuridão de seu templo. É o desejo do Desconhecido Grão Mestre provar a eles a existência de um Deus – a base de sua fé; a dignidade original do homem, seus poderes e destino... É por atos e fatos, pelo testemunho dos sentidos, que eles conhecerão DEUS, O HOMEM e as coisas espirituais intermediárias (princípios) existentes entre eles: dos quais a verdadeira Maçonaria dá os símbolos e indica o verdadeiro caminho. Que eles, os Philaléthes abracem as doutrinas desta verdadeira Maçonaria, submetam-se às normas de seu chefes, e adotem sua constituição. Mas, acima de tudo, que o Santuário seja purificado; saibam os Philaléthes que a luz pode apenas descer dentro do Templo da Fé (baseada no conhecimento), não dentro daquele do Ceticismo. Que se dediquem às chamas as vaidades acumuladas em seus arquivos; pois é apenas sobre as ruínas da Torre da Confusão que o Templo da Verdade pode ser erigido.”
Após infrutíferas negociações, ele enviou a seguinte mensagem:
“Saibam que não estamos trabalhando para um homem, porém para toda a humanidade. Saibam que desejamos destruir o erro – não somente um simples erro, porém todos os erros. Saibam que esta política é dirigida não contra exemplos isolados de perfídia, porém contra todo um arsenal de mentiras.”
Finalmente, após ter ficado claro que a grande Convenção não chegaria a nenhum acordo, ele enviou a última e triste carta: “Já que vocês não têm fé nas promessas do Deus Eterno ou de Seu ministro na terra, eu os abandono a vocês mesmos, e lhes digo esta verdade: não é mais minha missão ensinar-lhes. Infelizes Philaléthes, vocês semearam em vão; vocês colherão apenas ervas daninhas”. Assim, foi perdida a maior possibilidade de lançar as fundações da Fraternidade Universal à época de Cagliostro.

O restante da vida de Cagliostro é trágico. O cardeal de Rohan desejou obter um lugar na corte, porém Maria Antonieta não gostava dele. Madame de Lamotte, desconhecida da Rainha, viu uma chance para um grande ganho pessoal na frustração do Cardeal. Fazendo-se de confidente da Rainha, ela forjou cartas de Maria Antonieta para de Rohan e fingiu que levava respostas de volta a Versalhes. Finalmente ela induziu o Cardeal a comprar um ostentoso colar no valor de um milhão e seiscentos mil livres para a Rainha, colocando o valor em sua conta. Quando a primeira prestação venceu, a Rainha, que não sabia nada do negócio, não pagou e de Rohan foi forçado a honrá-lo. A batalha que se seguiu na Corte viu Madame de Lamotte defendendo-se e acusando a Rainha de trapaça e Cagliostro de roubar o colar que ela mesma havia quebrado e vendido. A Rainha ficou furiosa, e todas as partes envolvidas no caso foram encarceradas na Bastilha. Embora Cagliostro fosse completamente inocente, tanto ele como Seraphina passaram seis meses na prisão. O caso alcançou tão horríveis proporções que a velha e abusiva denúncia de Sacchi veio a público e lida contra Cagliostro, mas o Parlamento de Paris ordenou sua supressão por ser “injuriosa e caluniadora”. Finalmente Cagliostro foi declarado inocente e libertado diante de dez mil parisienses que esperavam por ele. O “Caso do Colar de Diamantes” é em geral admitido como sendo o prólogo da Revolução [francesa]. Maria Antonieta considerou a libertação de Cagliostro e do Cardeal como um ataque à sua reputação. O Rei ordenou que Cagliostro deixasse a França e afastou o Cardeal de suas atribuições.
Cagliostro viajou para a Inglaterra, porém seus inimigos, agora completamente cientes da total natureza de sua missão, viram a chance de destruí-lo. Mal havia chegado à Inglaterra quando o famoso editor do vicioso Correio da Europa o atacou. Cagliostro alojou Seraphina com o artista de Loutherbourg e viajou para a Suíça em 1787.
Seraphina juntou-se a ele na companhia de Loutherbourg imediatamente depois. A Maçonaria Egípcia era praticada por pequenos grupos em Bale e Bienne, mas não puderam apoiar o casal Cagliostro. Já que seus próprios poderes somente poderiam ser usados para os outros e não para si mesmo, e agora que os outros o rechaçavam, ele era forçado a viajar sem repouso.
Por volta de 1789 ele chegou a Roma para encontrar-se em segredo com Franco-Maçons da Loja Verdadeiros Amigos. A Igreja, porém, totalmente ciente da ameaça espiritual que Cagliostro apresentava para ela, enviou dois Jesuítas fazendo-se de convertidos para a Maçonaria Egípcia. Na ocasião em que eram admitidos à Ordem, eles convocaram a policia papal, e o casal os Cagliostro foi levado para a prisão no Castelo Santo Ângelo em 17 de dezembro. Se Seraphina se voltou contra Cagliostro ou sucumbiu por medo diante da Inquisição, não está claro. Mas seus depoimentos foram prejudiciais. Após dúzias de interrogatórios, nos quais a trama foi ameaçadoramente disposta, a Inquisição soube apenas o que todo mundo sabia: que Cagliostro era um Maçom, um herege pela sua crença de que todas as religiões são iguais, e que desprezava a intolerância religiosa. A farsa terminou em 21 de março de 1791, quando a Inquisição condenou Cagliostro à morte. Entretanto, antes de o Papa assinar a sentença, um estrangeiro apareceu no Vaticano. Dando uma palavra ao Secretário do Cardeal, foi imediatamente admitido em audiência. Após sua saída, o Papa comutou a sentença para prisão perpétua.
Seraphina foi libertada apenas para ser presa por novas acusações e internada no convento de Santa Apolônia de Trastevere. Nada mais se soube sobre ela e seu corpo nunca foi encontrado. Cagliostro foi enviado ao Castelo São Leo e colocado no topo inacessível de um rochedo. Lá ele pereceu até 1795. Uma inscrição que fez na parede de sua cela tem a data de 15 de março. Roma reportou que ele morreu em 26 de agosto.
Aqui acaba a história, mas a tradição maçônica sussurra que Cagliostro escapou da morte. Endreinek Agardi de Koloswar relatou que o Conde d’Ourches, que quando criança havia conhecido Cagliostro, jurou que o Senhor e a Senhora de Lasa, saudados em Paris em 1861, não eram ninguém menos que o Conde e a Condessa Cagliostro. Com o nascimento envolto em mistério, Cagliostro saiu desta vida também em mistério, conquanto sua existência tenha sido dedicada ao serviço da humanidade e à esperança da imortalidade espiritual


Alquimia

Aos 17 anos, deixou de lado as antigas companhias e passou a se interessar pela alquimia, se associando a um ourives, chamado Marano, que acabara de chegar a Palermo. Marano conhecera muitos alquimistas que se diziam capazes de transmutar metais mas, após algum tempo, convencido pelo espírito envolvente de Cagliostro, passou a acreditar que o mesmo tinha tal poder. Cagliostro, percebendo que Marano acreditava em si, pediu uma soma considerável de 60 onças de ouro, a fim de realizar uma cerimônia mágica que mostraria para Marano a localização de um grande tesouro, escondido perto da cidade. Com certa hesitação,Marano deu o ouro a Cagliostro e, à meia noite, foi conduzido para um campo, distante da cidade. Neste local Marano foi atacado e roubado por Cagliostro e alguns bandidos, que o mesmo arregimentara. Cagliostro deixou Palermo e começou sua viagem pelo mundo.
Cagliostro viajou por todo o mundo, conhecendo o Egito, Grécia, Pérsia, Rodes, Índia e Etiópia, estudando o ocultismo e a alquimia. Em 1768, Cagliostro retornou à Itália, mas precisamente para Nápoles, onde encontrou os mesmos bandidos que o ajudaram a atacar Marano. Passaram a administrar um cassino que trapaceava os incautos. As autoridades descobriram essas operações e expulsaram á todos da cidade. Cagliostro foi então para Roma, onde se estabeleceu como médico, levando uma vida abastada.Casou-se com Lorenza Feliciani, mas conhecida por Serafina. O casal viveu em Roma por algum tempo até que a Inquisição começou a suspeitar de Cagliostro por heresia. O casal fugiu para a Espanha e, posteriormente, retornaram à Palermo, onde Cagliostro foi preso, após queixa de Marano. Cagliostro foi salvo por um nobre e, depois de ludibriar um alquimista, roubando-lhe 100.000 coroas (por volta de US$1 milhão), fugiu para a Inglaterra em 1760, alardeando ter descoberto um grande segredo alquímico.
Cagliostro conheceu o Conde de St. Germain em Londres, que o iniciou nos rituais ocultistas do antigo Egito e lhe ensinou a fórmula das poções da junventude e da imortalidade. Após fundar lojas maçônicas, baseadas em rituais egípcios, na Inglaterra, Alemanha, Rússia e França. Cagliostro foi para Paris em 1772, onde passou a vender elixires médicos. O rei Luís XVI se interessou por Cagliostro, que passou a entreter a corte real com suas mágicas e contos. Por muitos anos Cagliostro foi um dos favoritos da corte francesa, até se envolver no famoso Caso do colar da Rainha (ou Caso do colar de diamantes), um dos principais eventos que levaram ao início da Revolução Francesa em 1789. Graças ao seu envolvimento nesse escândalo, Cagliostro foi encarcerado na Bastilha por seis meses e depois expulso da França.

Foi então novamente para Roma em 1789 onde praticou sua medicina e tentou fundar, após muitos anos, uma lojas maçônicas, , nos moldes das outras que já havia originado. Foi preso pela Inquisição em 1791 no Castelo Sant'Ângelo, acusado de heresia, bruxaria e prática ilegal da maçonaria. Após 18 meses de deliberações a Inquisição sentenciou Cagliostro à morte, pena que foi trocada, posteriormente, pelo Papa, por uma sentença de prisão perpétua. Cagliostro tentou fugir, mas foi preso novamente e transferido para a solitária no castelo de São Leo, perto da cidade de Montefeltro, onde ele morreu em 26 de agosto de 1795. A notícia de sua morte não foi acreditada por toda a Europa e, somente quando Napoleão fez um relato pessoal do acontecido, Cagliostro foi aceito como morto de fato.
Cagliostro é considerado uma das maiores figuras do ocultismo, apesar de tachado por muitos de um simples charlatão. Muitas histórias surgiram a seu respeito, o que serviu apenas para obscurecer os verdadeiros fatos de sua vida.

Alessandro Cagliostro, a Última
Vítima da Inquisição

A verdade é que, a despeito do mito e do mistério em torno de sua pessoa, Cagliostro foi possuidor de um magnetismo superior a Mesmer, dotado de capacidades morais e espirituais, um verdadeiro médium de seu tempo


Curiosa é a figura do taumaturgo Alessandro Cagliostro, uma das mais contraditórias e expressivas personalidade dos bastidores espiritualistas do "século das luzes". Nascido em 1748, sua curta e intensa existência encerrou a transição de um longo ciclo de obscurantismo e o alvorecer de novas e sublimes luzes espirituais.

Iniciado e iniciador, alquimista, místico, mestre maçom, médico, farmacêutico, curador de doenças do corpo e da alma, poliglota, venerado por nobres e indigentes, era, no entanto, difamado e tido por alguns como revolucionário, charlatão, herege, infame...
Magnetismo superior ao de Mesmer, mais caridoso que Saint-Martin
A verdade é que, a despeito do mito e do mistério em torno de sua pessoa, Cagliostro foi possuidor de um magnetismo superior a Mesmer, dotado de capacidades morais e espirituais, verdadeiro médium de seu tempo.
Peregrino de andanças sem-fim, sua presença era solicitada, com grande prestígio, por entre o luxo das cortes e o infortúnio dos casebres, sempre cumprindo seu ideal de servidor.
Suas curas eram extraordinárias. Oferecer de graça o que de graça recebera, era o seu lema, jamais aceitando qualquer tipo de pagamento pelos benefícios prestados, ao contrário, distribuindo os próprios bens aos necessitados que o cercavam.
Numa carta escrita pelo suíço Barkli lê-se que "ele é ainda melhor do que o conhecido Louis Claude de Sint-Martin (o Filósofo Desconhecido), em matéria de caridade. Os pobres, os aleijados, indigentes e abandonados encontravam sempre, em Cagliostro, o socorro de que necessitavam".
O Evangelho de Cagliostro
Sua popularidade chegou a ponto de ter seu nome imortalizado por um repórter de Revoredo, Itália, num livro intitulado O Evangelho de Cagliostro.
O ilustre erudito espírita, Dr. Canuto Abreu, em sua revista Metapsíquica, refere-se a Cagliostro como homem de grande prodigalidade que "tratava o pobre com afeição cristã, ouvindo-o atenciosamente, e o rico com altivez, negando-lhe, às vezes até a palavra, quando algum mais atrevido lhe pretendia fazer valer o seus títulos nobiliárquicos ou suas posses".
As sessões espiríticas de Cagliostro
Assim descreve dr. Canuto sobre seus dons supranormais: "O agente metapsíquico produzia, por intermédio de Cagliostro, verdadeiras maravilhas, que não podem ser postas em dúvida diante do atestado de inúmeras pessoas conceituadas, salvo rasgando a história da Revolução Francesa. Ficaram célebres as suas ceias em que tomaram parte os mais prestigiosos vultos da Europa, e durante as quais realizava empolgantes sessões espíriticas. Não só as almas dos mortos como as dos vivos obedeciam à evocação poderosa de Cagliostro, e vinham manifestar-se, ora através de um globo cheio dágua, ora por intermédio de suas colombinas, que seriam mais tarde chamadas médiuns. Vozes diretas, aparições, até materializações tangíveis foram descritas por vários assistentes." (...)
Um profeta da Revolução Francesa
Críticos, historiadores infensos ao novo espiritualismo nascente, o próprio processo inquisitorial que Roma cuidadosa e paciente preparou contra Cagliostro para poder matá-lo, atestam o seu grande poder metapsíquico.
"Ele e seus companheiros foram acusados de ter preparado com sortilégios essa revolução, a queda da Bastilha, a perseguição do clero, etc. Mas o certo, que ressalta da própria sentença do Papa, é que Cagliostro foi apenas clarividente como Gazzotte e a senhora Lille, que no mesmo período profetizaram os diversos acontecimentos que se iam dar".
O crime de ser médium
Sua teologia sintetizava-se em preceitos simples e inteligíveis: amar e adorar o Eterno, de todo o coração; amar e servir ao próximo, fazendo-lhe todo o bem de que se for capaz e consultar a própria consciência, em todas as ações.
Em 26 de agosto de 1795, a Revolução Francesa, prevista por ele, encontra-o agonizante, em coma, encarcerado no Castelo de Sant´Angelo, em Roma, pelo crime de ser médium.
"Quando o povo, triunfando do clero e da nobreza, marchou para libertar o seu médium, os santos inquisidores de Roma disseram-lhe:
— José Bálsamo (um de seus pseudônimos) acaba de morrer.
Foi a última vítima da Inquisição".

1790 Cagliostro

Vítima de um erro perene e do fundamentalismo da época

Durante quase dois séculos, e ainda hoje, Alessandro Cagliostro (1743-1795) foi, e é, injustamente confundido com o infame Giuseppe Balsamo, um aventureiro do séc. XVIII nascido em Palermo, Itália. A origem da confusão deve-se a Charles Théveneau de Morande (1741-1805), um francês, espião e chantagista, que, quando aquele voltou a Inglaterra no ano de 1786, assim o acusou. Através de uma “Carta aberta ao povo inglês”, Cagliostro refutou essa acusação mas nunca se conseguiu desembaraçar de semelhante estigma. E de um erro de identidade que perdura nos tempos.

Nas suas Memórias, Cagliostro confessa desconhecer quer a identidade de seus pais, quer o local do seu nascimento. Disseram-lhe que os seus pais eram nobres cristãos que morreram quando tinha apenas três anos de idade. Cagliostro acreditava ter nascido na Ilha de Malta. Passou a infância e o princípio da sua adolescência, no palácio de Muphti Salahaym, na cidade santa de Medina. Aí era apelidado de Acharat e tinha como mestre Althotas que o instruiu nas diversas ciências e que lhe ensinou, com sucesso, diversas línguas orientais. Aprendeu, também, a respeitar todas as culturas e todas as religiões e, mais tarde, no fim da sua vida, afirmou que a verdadeira religião encontra-se estampada no coração de cada um.

Cagliostro, aos doze anos de idade, e Althotas, deram início às suas viagens. O seu primeiro destino foi Meca onde viveram durante três anos, no palácio do Xerife. Este, premonitoriamente ao despedir-se, terá dito a Cagliostro: «Filho infeliz da natureza, adeus».

Passaram pelo Egipto e, finalmente, depois de vaguearem pela Ásia e por África durante três anos, chegaram à Ilha de Malta onde foram recebidos por Pinto, Grão-Mestre da Ordem de Malta. Aí, Althotas recebeu a insígnia da Ordem e baptizou o seu pupilo de Cagliostro. Este, pela primeira vez, vestiu trajes europeus.

Depois da morte de Althotas, Cagliostro, acompanhado pelo Cavaleiro d’Aquino, chegou a Roma onde conheceu o Cardeal Orsini e o Papa. Foi nesta bela cidade, que Cagliostro, já adulto, aos 22 anos de idade, conheceu e casou com Lorenza Feliciani - conhecida por Serafina. Esta, segundo alguns e mais tarde, viria a revelar-se instrumento da Inquisição e uma das principais responsáveis pelos problemas de Cagliostro.

De acordo com diversos autores, Cagliostro era um homem ingénuo, extremamente bondoso e confiante na natureza humana. Por esta razão, tornou-se uma presa fácil para alguns dos seus contemporâneos.

Viveu, com a sua mulher, sobretudo em Londres, Paris e Roma e percorreu toda a Europa, dizia-se, curando os doentes e alimentando os pobres.

Em 1777, Cagliostro inicia-se na Maçonaria. A experiência que adquirira no Egipto, as relações que manteve com os sacerdotes e a sua provável iniciação nos mistérios egípcios, estiveram na origem da sua firme determinação em estabelecer um Rito Egípcio, baseado nesses mistérios, e introduzi-lo na Maçonaria. O propósito de semelhante Rito consistia, no seu entender, na regeneração moral e espiritual da humanidade.

Em Haia, Cagliostro discorreu pela primeira vez a respeito da Maçonaria egípcia. Na verdade, foi nesta cidade que se fundou a primeira Loja de acordo com o seu Rito. Quando, em Nuremberga, lhe perguntaram qual era o seu sinal secreto, Cagliostro desenhou a figura de uma serpente a morder a própria cauda. Simbolizava, entre os antigos egípcios, o “Círculo da Necessidade”.

Cagliostro prossegue a sua viagem pela Alemanha. Solicitam-lhe que exiba os seus poderes ocultos. Recusa, inicialmente, respondendo que esses poderes não devem nunca ser utilizados para satisfazer meramente a curiosidade alheia. Todavia, mais tarde, perante a insistência, acede. Começa a ser visto por uns como um ser sobrenatural e por outros como um charlatão. Rapidamente a sua fama se espalha por toda a Europa, recebendo convites de príncipes, nobres e altos dignitários do clero. Entre estes encontra-se o Príncipe Cardeal de Rohan que assim que soube que Cagliostro se encontrava em Estrasburgo, o convidou a viver no seu Palácio. O Cardeal era um homem apaixonado pelas ciências ocultas e possuía uma das melhores bibliotecas de alquimia da Europa. Quando o Cardeal soube o que se dizia sobre Ca-gliostro – que, supostamente, viveria por sua conta – aquele respondeu à Baronesa d’Oberkirch: «Cagliostro é um homem extraordinário, de uma natureza sublime, cujos conhecimentos apenas encontram par na sua generosidade. Posso assegurar-vos que jamais solicitou ou recebeu o que quer que fosse da minha pessoa».

Em 1785, Cagliostro foi residir para Paris. Foi nesta cidade e nesse mesmo ano que os seus problemas começaram. Em suma, foi, injustamente, envolvido no célebre caso do colar de Maria Antonieta.

O Cardeal de Rohan pretendia um lugar na corte, porém Maria Antonieta não gostava dele. Madame de Lamotte, desconhecida da Rainha, aproveitou-se desse facto para, à custa do próprio Cardeal, obter vantagens pessoais. Tornando-se confidente da Rainha, falsificou cartas de Maria Antonieta para o Cardeal e fingiu que levava as respostas de volta para Versalhes. Finalmente, conseguiu convencer o Cardeal a comprar um colar de diamantes no valor de um milhão e seiscentas mil livres para a Rainha, colocando o valor na conta de Maria Antonieta. Quando a primeira prestação venceu, a Rainha, que não sabia nada do assunto, não pagou e de Rohan foi forçado a honrá-la.

A confusão gerou-se na corte francesa. Madame de Lamotte defendeu-se e acusou Maria Antonieta de não respeitar os seus compromissos e de ser desleal. Mas não ficou por aí. Uma vez que Lamotte já tinha desfeito o colar e vendido os diamantes, acusou Cagliostro de o ter furtado.

A Rainha, desagradada com todo este assunto, ordenou que todas as partes envolvidas fossem detidas e presas na Bastilha. Apesar de Cagliostro se encontrar inocente, tanto ele como sua mulher permaneceram longos meses na prisão.

O assunto tomou tais dimensões que uma velha denúncia contra Cagliostro – de um tal Sacchi – veio a público e foi lida contra Cagliostro. Não obstante, o Parlamento de Paris ordenou a supressão de semelhante acusação por se ter revelado injuriosa e caluniosa.

Finalmente, Cagliostro foi declarado inocente e libertado perante o povo de Paris que o aguardava à saída da Bastilha. A Rainha considerou a libertação de Cagliostro e do Cardeal como um ataque directo à sua honra e Luís XVI ordenou que Cagliostro abandonasse França e exonerou o Cardeal de Rohan das suas funções.

O caso do colar é considerado, por alguns, como a génese da Revolução Francesa.
Cagliostro decide, então, regressar a Inglaterra. Porém, mal desembarcou foi acusado pelo espião francês – Morande – de ser o mal afamado Giuseppe Balsamo. Cagliostro contestou a acusação de Morande através de uma “Carta aberta ao povo inglês”. Morande foi forçado a retractar-se e a pedir desculpas aos seus leitores. Todavia, como já referimos, anteriormente, desde há quase dois séculos que os historiadores (e até a Enciclopédia Britânica!) persistem em confundir Cagliostro com Giuseppe Balsamo.

Desgostoso com este ataque à sua honra e ao seu bom nome, e preocupado com a ameaça à sua liberdade, Cagliostro abandonou Inglaterra. Após alguns anos a deambular pela Europa, dirige-se a Roma onde chega na Primavera de 1789.

Numa última tentativa para impor o seu Rito Egípcio, procedeu à iniciação de dois homens. Todavia, estes eram espiões ao serviço da Inquisição.

Cagliostro foi detido, na noite de 27 de Dezembro desse mesmo ano e encarcerado numa masmorra do Castelo de Sant’Angelo, nas imediações do Vaticano. Pouco tempo depois, em 1790, foi julgado e condenado à morte. A acusação consistia apenas no facto de Cagliostro pertencer à Maçonaria e, por essa razão, se dedicar a estudos ilegais. A título ilustrativo do ódio à Maçonaria, vale a pena transcrever um excerto da sua sentença, publicada em 21 de Março de 1791: « (...) Giuseppe Balsamo, condenado por muitos crimes e tendo incorrido nas acusações e penas pronunciadas contra os hereges, foi considerado culpado e condenado por essas acusações e penas ao abrigo das Leis Apostólicas de Clemente XII e Bento XIV, contra todas as pessoas que, por qualquer meio, favorecem ou formam sociedades ou reuniões se-cretas da Maçonaria, bem como do Decreto do Conselho de Estado contra todas as pessoas condenadas por este crime em Roma ou em qualquer outro domínio Papal.» No período em que esteve encarcerado, foram queimados publicamente, na Piazza della Minerva, todos os seus documentos pessoais, as suas relíquias de família, os seus diplomas emitidos por Cortes estrangeiras, os seus trajes maçónicos e até o seu manuscrito sobre a Maçonaria Egípcia.

Enquanto Cagliostro aguardava a execução, um estrangeiro misterioso solicitou uma audiência ao Papa. O pedido foi imediatamente aceite e, logo depois, o Papa converteu a pena de morte em pena de prisão perpétua.

Cagliostro foi transferido para o Castelo de San Leo, situado na Toscânia. Este Castelo foi erigido no cume de uma imensa elevação rochosa cujas encostas chegam quase a formar ângulos rectos. Cagliostro subiu, num cesto, uma das encostas e encarcerado numa masmor-ra. Esta só era acessível por um buraco no tecto e Cagliostro era constantemente vigiado para evitar o seu suicídio ou qualquer tentativa de fuga.

Por três anos, Cagliostro agonizou nessa prisão, escrevendo, todos os dias, uma frase nas paredes do seu “túmulo”. A última frase escrita está datada de 6 de Março de 1795. Exactamente, sete meses depois, no dia 6 de Outubro de 1795, o Moniteur de Paris continha um pequeno parágrafo anuciando que “é notícia em Roma que o famoso Cagliostro morreu”. Caso esta notícia seja verdadeira – que Cagliostro tenha, efectivamente, falecido no Castelo de San Leo – então, por que razão é mostrado aos turistas o pequeno buraco no Castelo de Sant’Angelo, em Roma, como o local onde se diz que ele morreu?

Após a sua alegada morte, ouviram-se rumores que Cagliostro teria escapado, miraculosamente, da sua cela, levando, assim, a que os seus carcereiros espalhassem a notícia da sua morte.

H.P. Blavatsky, autora do séc. XIX, afirmou que o seu infortúnio se ficou a dever à sua fraqueza perante uma mulher que não o merecia, bem como ao facto de ele se encontrar na posse de certos segredos que se recusou a revelar à Igreja. E afirmou ainda que a defesa de Cagliostro deveria ocorrer, ainda, no seu tempo.

Passados quase duzentos anos, os membros da Maçonaria contemporânea, apesar de o considerarem como um “Mártir da Maçonaria” (influenciados, em grande parte pela obra de W. R. H. Trowbridge, autor do princípio do séc. XX), também o descrevem como um “mé-dium” que, provavelmente, recorria à fraude e a meios próprios de um charlatão.

Permanece a questão: até quando se insistirá em difamar os vivos e em manchar a memória dos mortos através de calúnias constantemente repetidas?

Em suma, a confusão de identidade que corrompe a memória de Cagliostro deve ser, pacificamente, resolvida entre a comunidade científica. Na verdade, os autores citados defendem que os registos históricos existentes contrariam a ideia de Cagliostro e Giuseppe Balsamo serem uma e única pessoa. Mas o erro teima em persistir!

Cagliostro foi mais uma vítima de uma era de intolerância em que uma parte significativa da Igreja, para manter e reforçar o seu poder, se opunha ferozmente a todos aqueles que contrariassem os seus dogmas. Não nos podemos esquecer que foi só no séc. XX que um Papa pediu perdão à humanidade pelos abusos que a Inquisição cometeu - supostamente, ao serviço de uma fé inabalável e verdadeira.

E é em profissões de fé de cariz inabalável e em crenças de verdades absolutas que assentam os mais radicais fundamentalismos que, aliados à intolerância e à violência, geram graves violações dos direitos humanos, guerras, sofrimento e, agora, o terrorismo.

Ora, como já disse, o terrorismo visa, isso mesmo, o terror. O terrorismo pretende tolher-nos os movimentos e visa também mudar o mundo em que vivemos e os princípios em que acreditamos. O terrorismo visa, afinal, destruir a Democracia e a Liberdade. Tais como as co-nhecemos, por ora. Tais como as vivemos, ainda.

Ceder à deriva securitária é dar a primeira vitória ao terrorismo. Instituir uma Justiça musculada, um Estado policial ou um Mundo militarizado é capitular perante o inimigo. Restringir ou coarctar as liberdades é perder a batalha contra o mal. Porque a luta contra a violência, o terror e a barbárie, não se faz pela violência, com o medo e pela guerra.

O crime combate-se dentro da Lei, mas com respeito ao Direito e de modo a não colocar em causa a Justiça. A Lei não se deve moldar aos interesses dos poderes, nem o Direito se confunde com a vontade do mais forte. Até para que se não caia na tentação, como alguns profetizam já, e aí com razão, de estabelecer «...medidas que transformam o nosso “Estado de direito democrático” numa cada vez mais lamentável farsa e o nosso processo penal no cadafalso dos principais direitos, liberdades e garantias dos nossos concidadãos». Porque nem tudo o que é legal é justo. É por isso que tememos o totalitarismo da lei, que nos preocupa a idolatria da lei, que só podem levar ao descrédito do legalismo e, em última análise, à anarquia e ao terrorismo.

A perseguição do terrorismo, e dos terroristas, o combate do crime, e a perseguição dos criminosos, far-se-á com a maior tenacidade e feroz determinação. Mas também com integral respeito pelas regras do Estado de Direito Democrático e sem violação dos Direitos Humanos seja de quem for. E sem cedências aos princípios da dignidade e da justiça. É essa a grande diferença, e a superioridade moral, daqueles que defendem a pessoa e o bem-comum, respeitam o seu semelhante e se sujeitam à Lei justa.

A Velha Europa, bem como o resto do mundo, e os fundamentos da Democracia, não podem ser – e não serão – abalados por quaisquer actos de barbárie e de terror. Por mais sangrentos que sejam. Não se cederá à chantagem por mais assustadora que seja a ameaça e por mais violenta que seja a carnificina.

Agir de outro modo, deixar alterar o que tanto custou a construir, abolir a Democracia e a Liberdade, não honra-rá os mártires da era moderna. E não resolverá, estou certo, o drama do terrorismo.


Carlos Pinto de Abreu > Advogado > Presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OA



Autor:Carlos Pinto de Abreu

O falso conde Alessandro di Cagliostro (1743-95), Giuseppe Balsamo
de seu verdadeiro nome, foi um distinto impostor, mágico e
aventureiro. Filho de pobres, nascido e criado nas ruas de Palermo,
viu-se obrigado a fugir da Sicília após ser dado como culpado de uma
série de pequenos crimes. Viajou então pela Grécia, Egipto, Pérsia,
Arábia e Rodes, tendo aproveitado o périplo para estudar alquimia e
a Cabala. Em 1768 encontrava-se em Roma onde casou com a (diz-se)
bela Lorenza Feliciani, Serafina de petit nom. Cagliostro deambulava
nessa época por muitas das maiores cidades europeias, vendendo
elixires e afrodisíacos, praticando episodicamente como alquimista,
fazendo-se passar por adivinho, medium e curandeiro. Nos anos que
imediatamente antecederam a Revolução, era visita assídua nos
palácios da alta aristocracia parisiense. A queda começou com o seu
envolvimento ocasional na venda fraudulenta do diamante Necklace,
tendo por esse motivo passado nove meses na Bastilha. Pouco tempo
depois, em Roma, foi de novo preso, acusado por Serafina de ser
herético, mágico, conspirador e empedernido maçon. Condenado à
morte, viu a pena comutada em prisão perpétua no castelo de
Sant'Angelo. Após uma tentativa de fuga, foi enviado para a
fortaleza de San Leo, nos Apeninos, onde, praticamente esquecido,
terminou os seus dias.
Aos 17 anos, deixou de lado as antigas companhias e passou a se
interessar pela alquimia, se associando a um ourives, chamado
Marano, que acabara de chegar a Palermo. Marano conhecera muitos
alquimistas que se diziam capazes de transmutar metais mas, após
algum tempo, convencido pelo espírito envolvente de Cagliostro,
passou a acreditar que o mesmo tinha tal poder. Cagliostro,
percebendo que Marano acreditava em si, pediu uma soma considerável
de 60 onças de ouro, a fim de realizar uma cerimônia mágica que
mostraria para Marano a localização de um grande tesouro, escondido
perto da cidade. Com certa hesitação,Marano deu o ouro a Cagliostro
e, à meia noite, foi conduzido para um campo, distante da cidade.
Neste local Marano foi atacado e roubado por Cagliostro e alguns
bandidos, que o mesmo arregimentara. Cagliostro deixou Palermo e
começou sua viagem pelo mundo.

Cagliostro viajou por todo o mundo, conhecendo o Egito, Grécia,
Pérsia, Rodes, Índia e Etiópia, estudando o ocultismo e a alquimia.
Em 1768, Cagliostro retornou à Itália, mas precisamente para
Nápoles, onde encontrou os mesmos bandidos que o ajudaram a atacar
Marano. Passaram a administrar um cassino que trapaceava os
incautos. As autoridades descobriram essas operações e expulsaram á
todos da cidade. Cagliostro foi então para Roma, onde se estabeleceu
como médico, levando uma vida abastada.Casou-se com Lorenza
Feliciani, mas conhecida por Serafina. O casal viveu em Roma por
algum tempo até que a Inquisição começou a suspeitar de Cagliostro
por heresia. O casal fugiu para a Espanha e, posteriormente,
retornaram à Palermo, onde Cagliostro foi preso, após queixa de
Marano. Cagliostro foi salvo por um nobre e, depois de ludibriar um
alquimista, roubando-lhe 100.000 coroas (por volta de US$1 milhão),
fugiu para a Inglaterra em 1760, alardeando ter descoberto um grande
segredo alquímico.

Cagliostro conheceu o Conde de St. Germain em Londres, que o iniciou
nos rituais ocultistas do antigo Egito e lhe ensinou a fórmula das
poções da junventude e da imortalidade. Após fundar lojas maçônicas,
baseadas em rituais egípcios, na Inglaterra, Alemanha, Rússia e
França. Cagliostro foi para Paris em 1772, onde passou a vender
elixires médicos. O rei Luís XVI se interessou por Cagliostro, que
passou a entreter a corte real com suas mágicas e contos. Por muitos
anos Cagliostro foi um dos favoritos da corte francesa, até se
envolver no famoso Caso do colar da Rainha (ou Caso do colar de
diamantes), um dos principais eventos que levaram ao início da
Revolução Francesa em 1789. Graças ao seu envolvimento nesse
escândalo, Cagliostro foi encarcerado na Bastilha por seis meses e
depois expulso da França.

Foi então novamente para Roma em 1789 onde praticou sua medicina e
tentou fundar, após muitos anos, uma lojas maçônicas, , nos moldes
das outras que já havia originado. Foi preso pela Inquisição em 1791
no Castelo Sant'Ângelo, acusado de heresia, bruxaria e prática
ilegal da maçonaria. Após 18 meses de deliberações a Inquisição
sentenciou Cagliostro à morte, pena que foi trocada, posteriormente,
pelo Papa, por uma sentença de prisão perpétua. Cagliostro tentou
fugir, mas foi preso novamente e transferido para a solitária no
castelo de São Leo, perto da cidade de Montefeltro, onde ele morreu
em 26 de agosto de 1795. A notícia de sua morte não foi acreditada
por toda a Europa e, somente quando Napoleão fez um relato pessoal
do acontecido, Cagliostro foi aceito como morto de fato.

Cagliostro é considerado uma das maiores figuras do ocultismo,
apesar de tachado por muitos de um simples charlatão. Muitas
histórias surgiram a seu respeito, o que serviu apenas para
obscurecer os verdadeiros fatos de sua vida.
O auto denominado Conde Alexandre de Cagliostro foi um charlatão que
enganou a muitos ingênuos e incautos no século XVIII.

Ele chegou a Paris, vindo da Itália, em 1781. Seu verdadeiro nome
era Giuseppe Bálsamo. Nascera em Palermo em 2 de janeiro de 1743.

Ficando órfão, foi recolhido num convento, onde aprendeu algo da
farmacologia do tempo. Usou estes conhecimentos para fraudar a
muitos, o que o obrigou a fugir de Palermo.

Junto com outro charlatão, Althotas, viajou pela Grécia e pelo
Oriente Médio. Obteve uma recomendação do Grão Mestre da Ordem de
Malta, que se interessava por Química ou Alquimia.

Foi então para Roma, onde se casou com uma jovem empregada
doméstica, que ele explorou. Ao mesmo tempo envolveu-se em fraudes
bancárias.

Percorreu depois vários países da Europa, sempre enganando os tolos
que acreditavam em seus produtos químicos e farmacêuticos.

Fundou uma Ordem Maçônica Egipcíaca, atribuindo sua origem a Enoch e
Elias. Começou a dizer que possuía o Elixir da Longa Vida, que
nascera antes do dilúvio, tendo milhares de anos.

Houve loucos que acreditaram, porque sempre que alguém é
suficientemente ousado para dizer uma grande mentira, haverá quem
acredite nele. E quanto maior e ousada for a mentira, tanto maior
será o número dos seus seguidores e mais fanáticos serão.

Fazia-se de imortal. E havia quem acreditasse nessa loucura.

Há outros exemplos disso em nosso tempo...

Contava que estivera na Arca de Noé, que conhecera Cristo e que fora
um dos convivas das bodas de Caná.

Certa vez, quando um inspetor de polícia de Paria lhe perguntou se
cometera algum crime, confessou que só se arrependia de um crime:
matara Pompeu, o rival de César.

Vendia para os tolos, em Paris, no século das "luzes" - porque
sempre o cientificismo e o racionalismo são acompanhados pela
superstição mais fanática - vendia o elixir do rejuvenescimento,
panacéias para todas as doenças, visões para todos os crédulos.

Vendia ainda um pó vermelho - que chamava de "matéria prima" - que
permitiria aos que o tomavam viver espiritualmente, na graça de Deus.

Foi tal o seu prestígio que muitos, em Paris, que se pejava de seu
cientificismo, portavam no peito um retrato de Cagliostro.

Ficou rico. Vivia como um nababo.

E há outros exemplos desse tipo, em nosso século XX...

Ensinava que se podia recuperar a inocência primeira através do uso
correto do pentágono e da sua "matéria prima", o tal pó vermelho.
Com a Inocência primeva recuperada, o indivíduo poderia viver 5.537
anos, o que era praticamente a imortalidade...

E houve quem cresse nessa loucura.

Há outros exemplos desse tipo em nossos dias...

No que não crêem os homens, quando deixam de crer em Deus! Acreditam
até em Rousseau ou em Marx, com sua "Bíblia da imbecilidade e do
ódio", como disse bem Paul Claudel.

Entre os que acreditaram nesse enorme mentiroso estão os gnósticos
pietistas seguidores de Jacob Boehme e precursores do Romantismo,
como Lavater.

Antes da Revolução Francesa, Cagliostro envolveu-se no famoso caso
do colar da Rainha.

Terminou seus dias em Roma onde foi preso como embusteiro, charlatão
e ladrão. Condenado a morte, teve a pena comutada em prisão perpétua.

O imortal morreu em 1795.

É claro que numa época racionalista e materialista como o nosso
século XX devem existir, hoje, quem ainda acredite em Cagliostro...
ou em algum seu êmulo...

In Corde Jesu , semper, Orlando Fedeli.

Havendo algo em que pudermos ajudá-la, escreva-nos.

In Corde Jesu, semper,

Nenhum comentário:

Postar um comentário